Jean Paul Gaultier por Nicolas di Felice, inverno 2024 alta-costura

“Vim de uma pequena vila onde não se encontrava revistas de moda. Mas Gaultier sempre foi conhecido por todos. Ele estava na televisão, nas lojas de perfume”, disse o designer ao WWD, na época da indicação, no começo de 2024. 

A moda que o belga cria na marca francesa, desde 2020, é super jovem – muitos defendem que ele até reviveu a maison que fez história na década de 1960. Em poucos anos, levou as jaquetinhas e minissaias vinílicas da casa para o topo das wishlists das meninas mais descoladas. Há quem diga, porém, que só o corpo magro é valorizado nessa Courrèges de agora. 

No desfile que rolou nessa quarta-feira (27.06), o minimalismo de Nicolas se mostrou nas passarelas da Jean Paul Gaultier por meio de peças longilíneas que muitas vezes cobriam o rosto e desciam até tocar o chão. Segundo o estilista, ele se inspirou em três coleções antigas da etiqueta: o verão 1999 e os invernos 1986 e 1989. Deles, ele destaca a lingerie, que é um dos códigos mais caros da marca, para transformar em vestidos levinhos, com as alças caídas na frente de forma que revelam bustiês.

O corset aparece retrabalhado de formas mais clássicas, sem muitas invencionices: no bustiê; nas amarrações nos cós das saias; em tops curtinhos assimétricos; e em vestidos transparentes estruturados. Esse processos de edição ajudam a entender o porquê de ele ser chamado por alguns de minimalista radical.  

O gesto quase sexual de levar a mão a um bolso frontal, na região da pélvis, já havia aparecido no último desfile da Courrèges, alguns meses atrás. Isso faz com que a coleção pareça um dejavú. Mas, o vestido de noiva coberto de colchetes – aqueles fechos usados principalmente em sutiãs – se destaca como novidade no seu repertório e é uma dessas imagens que dão vontade de ver mais no trabalho de Nicolas di Felice.