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“Las Vegas”: quem é tenente demitido por Tarcísio por esquema em jogos

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São Paulo — O tenente-coronel da Polícia Militar Rogério Carbonari Calderari, conhecido como “Las Vegas”, exonerado pelo governador de São Paulo Tarcísio de Freitas no último dia 12, é condenado por integrar um grupo criminoso que lucrava com cassinos ilegais na capital paulista.

Ele foi preso em 2018. A demissão, só oficializada quase seis anos depois, ocorre após a Justiça Militar negar em definitivo um recurso apresentado pela defesa de Calderari.

 

A “Operação Cabaré”, que resultou na prisão do tenente-coronel e de outros três militares, foi considerada a maior operação de combate aos jogos de azar promovida até então em São Paulo. Mais de mil máquinas caça-níqueis, avaliadas em R$ 20 milhões, foram destruídas na operação.

Segundo a investigação, na época dos fatos, Calderari era major e trabalhava no 22º Batalhão Metropolitano da PM, responsável por patrulhar áreas da zona sul de São Paulo. O esquema, que também envolvia outros oficiais e seis civis, durou pelo menos de 2012 até janeiro de 2018.

Uma das funções do oficial era evitar que os cassinos controlados pelo grupo fossem alvo da polícia. “Caso não conseguisse evitar a ação policial, encaminhava a ocorrência para a delegacia de polícia, onde também atuavam policiais civis corrompidos, de modo a não interromper a exploração dos jogos de azar”, registra o acórdão.

Os investigadores afirmam, ainda, que o grupo criminoso usava armas de fogo e munições irregulares. No quarto de Calderari, investigadores localizaram uma pistola calibre .380, com três carregadores e 15 munições.

Outro preso na operação foi o ex-chefe de gabinete da Secretaria da Justiça de São Paulo durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), o coronel da reserva Luiz Flaviano Furtado. Na casa do coronel Flaviano Furtado, foram encontrados 30 mil dólares em dinheiro, cerca de R$ 100 mil na época da operação.

Julgamento

Por causa do esquema com as casas de jogos de azar, o tenente-coronel da PM foi condenado a 12 anos e 3 meses de reclusão, em regime inicial fechado, pelo Tribunal de Justiça Militar (TJMSP) pelos crimes de corrupção passiva e participação em organização criminosa.

Em 6 de maio de 2024, desembargadores da corte militar também declararam Calderari indigno do oficialato e determinaram a perda do posto e da patente.

O tenente-coronel Calderari chegou a recorrer da prisão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) alegando violação no princípio do juízo hierárquico no sorteio e formação do Conselho Especial da Justiça Militar responsável pelo caso.

Calderari apontava que apenas oficiais mais antigos que o coronel Flaviano Furtado, oficial de maior patente entre os acusados, poderiam ter participado do sorteio. O recurso, porém, foi rejeitado pelo STJ por ser assinado por advogado sem procuração nos autos. O tenente-coronel acabou condenado pelo Tribunal de Justiça Militar em processo sigiloso.

Regulamento Disciplinar

No decreto que demitiu Calderari, Tarcísio de Freitas enquadrou o tenente-coronel no artigo 23 do Regulamento Disciplinar da Polícia Militar, nos trechos em que cita como possibilidade de demissão a condenação “à pena restritiva de liberdade superior a 2 (dois) anos, por sentença passada em julgado”.

O governador também lembrou o fato de Calderari ter sido considerado “moral ou profissionalmente inidôneo para a promoção ou revelar incompatibilidade para o exercício da função policial-militar”.

Fonte: Oficial