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Major que teria fraudado câmeras é chefe do Setor de Evidências da PM

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Major que teria fraudado câmeras é chefe do Setor de Evidências da PM

A major da Polícia Militar de São Paulo que teria fraudado o sistema das câmeras corporais e deletado a gravação de uma ocorrência que terminou com suspeito morto, na Operação Verão, é chefe da Divisão de Evidências da corporação. Adriana Leandro de Araújo foi mantida no cargo e será ouvida em uma investigação interna da PM.

A Divisão de Evidências é diretamente vinculada à Coordenadoria Operacional da corporação, que, na época, era chefiada pelo coronel Gentil Epaminondas Carvalho. O oficial estava presente na ocorrência que teve o vídeo deletado.

Aos 48 anos, a major Adriana costuma falar em nome da Polícia Militar sobre câmeras corporais. No ano passado, o perfil oficial do governo de São Paulo no Soundcloud divulgou um áudio da oficial dando orientações sobre o acionamento obrigatório dos equipamentos.

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“Não é uma questão de escolha do policial, e sim cumprir os procedimentos operacionais padrão da instituição. Porque hoje já funciona dessa forma. O policial, quando ele vai atender uma ocorrência, quando ele vai fazer uma fiscalização de trânsito, o procedimento já diz que ele tem que fazer o acionamento intencional. Quando ele aperta o botão, você tem a gravação com uma resolução melhor”, afirmou a major

Em agosto de 2023, ela foi enviada para representar a PM em um evento com autoridades de diversos estados e falar sobre câmeras corporais, em Brasília.

Morto com 12 tiros

A ocorrência que teve o vídeo deletado aconteceu em 9 de março de 2024. Joselito dos Santos Vieira, de 47 anos, foi morto com 12 tiros de fuzil no Morro do José Menino, em Santos. A polícia diz que ele teria atirado contra a equipe, o que é contestado por familiares.

A gravação em questão foi captada pela câmera corporal do soldado Thiago da Costa Rodrigues. A plataforma Evidence, usada pela Polícia Militar para processar os vídeos das câmeras corporais, mostra que a gravação da câmera do soldado Thiago foi introduzida no sistema às 5h17 de 10 de março de 2024, dia seguinte à ocorrência.

Oito dias depois, em 18 de março, a major Adriana Leandro de Araújo acessou o arquivo, às 16h28, e mudou o nome do policial envolvido. A filmagem foi atribuída a um usuário anônimo, com nome “Usuário de Operações”, cadastrado na plataforma com um e-mail externo ao da corporação, com o domínio “Gmail”.

Mais tarde, às 17h01 daquele dia, a major alterou a data da ocorrência para 5 de janeiro de 2024. Ela também mudou o nome da ocorrência no sistema para “tt” e depois para “Z-13”, sigla que costuma ser utilizada em ocorrências envolvendo pequenas brigas, por exemplo, e que não está associada a homicídio.

Com essas modificações, seria impossível localizar o arquivo por meio de uma busca simples, já que ele não possui um código de identificação fixo. Mesmo assim, em 19 de março de 2024, dia seguinte às primeiras alterações, Adriana Leandro de Araújo acessou o arquivo mais uma vez. Às 12h43, ela apertou o botão “excluir” para deletar o vídeo.

As operações no arquivo constam em uma auditoria de usuário feita pela Axon. O documento interno, ao qual o Metrópoles teve acesso, foi emitido em 26 de abril de 2024.

Outro lado

Mais uma vez, o Metrópoles não conseguiu contactar a major Adriana Leandro de Araújo. Questionada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a PM instaurou uma sindicância para “apurar com rigor” o caso.

“Caso sejam constatadas irregularidades, serão adotadas as providências administrativas cabíveis. O Ministério Público também acompanha a apuração”, diz a pasta.

“A Polícia Militar adotou, em junho, um novo modelo de Câmeras Operacionais Portáteis (COPs), mais moderno e eficiente, com novas ferramentas e funcionalidades que garantem ainda mais integridade a cadeia de custódia. O novo sistema conta com maior rastreabilidade, controle de acesso por credenciais individualizadas e criptografia de ponta a ponta. Esses avanços fazem parte de uma política contínua de aperfeiçoamento da instituição, baseada em estudos técnicos e testes operacionais”, acrescenta a nota.

Fonte: www.metropoles.com