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Meio ambiente não recebe protagonismo nos planos de governo dos candidatos de Campo Grande (MS)

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Meio ambiente não recebe protagonismo nos planos de governo dos candidatos de Campo Grande (MS)

Entrevistas com os candidatos

Adriane Lopes (PP) – Atual prefeita é natural de Grandes Rios (PR) e tem 47 anos. Formada em direito pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), também tem formação em teologia e pós-graduação em administração pública e gerência de cidades. Forma a chapa com a odontóloga Camila Nascimento de Oliveira, do Avante, partido que junto ao PRD e PP integram a coligação “Sem medo de fazer o certo”. Adriane herdou o comando da cidade de Marquinhos Trad, então prefeito que renunciou para disputar o governo de Mato Grosso do Sul em 2022.

((o))eco: Como pretende agir para prevenir eventos climáticos extremos em Campo Grande?

Os efeitos das mudanças climáticas são evidentes em Campo Grande, com a elevação das temperaturas em 2,2°C nos últimos 60 anos. A arborização tem desempenhado um papel importante na mitigação, mas as ilhas de calor ainda são um desafio a ser enfrentado. Na nossa gestão, implementamos o Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC), que está à frente de um plano de descarbonização com apoio internacional, além de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Nosso plano para enfrentar eventos climáticos extremos é reduzir as emissões de gases de efeito estufa a zero até 2050. Para isso, desenvolvemos um Inventário de Carbono e o Plano de Descarbonização de Campo Grande. Além disso, estamos concentrados na obtenção de financiamento para iniciativas de adaptação, como a criação de corredores verdes e a implementação de soluções baseadas na natureza, que ajudam a mitigar os efeitos das ondas de calor e melhoram a gestão hídrica. Projetos como o Parque dos Ipês incluem biofiltração e jardins de chuva, sistemas que capturam e tratam a água da chuva, reduzindo enchentes e preservando a qualidade da água.

Investimos também em tecnologias de monitoramento avançadas para prevenir desastres climáticos, como enchentes, além de aprimorar o saneamento básico, o que contribui para a adaptação da cidade a novos desafios climáticos. Com uma gestão que equilibra as necessidades sociais, econômicas e ambientais, Campo Grande está se preparando para um futuro mais sustentável e seguro.

De que forma sua gestão vai trabalhar com o programa Córrego Limpo, Cidade Viva?

O Programa Córrego Limpo, que existe desde 2009, é um pilar importante na preservação dos nossos recursos hídricos. Estamos intensificando as ações de monitoramento da qualidade da água, com 83 pontos de coleta distribuídos em 21 córregos, incluindo o Segredo, Prosa e Imbirussu, que representam 64% da malha de drenagem da cidade. Além disso, ampliamos a fiscalização para identificar irregularidades, como o lançamento inadequado de esgoto, e trabalhamos para assegurar que mais pontos apresentem boa qualidade da água.

Estamos investindo também na infraestrutura para mitigar alagamentos, como as bacias de amortecimento no Córrego Reveilleau, que eliminaram os alagamentos na Via Park. A expansão da rede de esgoto e drenagem é uma prioridade, com a meta de cobrir 95% da cidade até o final do ano, mitigando enchentes e preservando a qualidade de vida da população.

Além das obras, estamos implementando práticas ambientais mais sustentáveis, como a preservação de áreas verdes e o uso de energias renováveis, assegurando que o Programa Córrego Limpo seja um instrumento eficaz para garantir o equilíbrio ambiental de Campo Grande.

Dia 6 de outubro vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC) que só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. Como sua gestão pretende acelerar a participação do comitê nas políticas públicas municipais?

O Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC) é uma iniciativa essencial para enfrentarmos os desafios climáticos em Campo Grande, mas reconhecemos que sua atuação precisa ser acelerada e integrada às políticas públicas. Para isso, nossa gestão planeja fortalecer a sinergia entre o COMEC e a Gerência de Políticas Ambientais e Mudanças Climáticas da Planurb, garantindo que suas recomendações sejam rapidamente transformadas em ações concretas e em consonância com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA).

Além disso, vamos aumentar a cooperação com o ICLEI, aproveitando ao máximo as capacitações e intercâmbios para aplicar as melhores práticas globais em sustentabilidade. Estamos implementando um sistema de monitoramento para acompanhar os impactos das ações do COMEC, permitindo ajustes eficientes nas políticas e garantindo maior eficácia nas iniciativas climáticas.

Por fim, a participação da sociedade civil será fundamental. Pretendemos ampliar o diálogo com a população e garantir que as políticas climáticas sejam amplamente compreendidas e apoiadas, promovendo uma verdadeira mobilização social em prol de um futuro sustentável.

Quais são suas propostas para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) que estão sob gestão da prefeitura de Campo Grande?

Nossa proposta é implementar corredores verdes e soluções baseadas na natureza, promovendo a ocupação ordenada dos fundos de vale e outros espaços ociosos. Essas áreas revitalizadas terão função dupla: preservar o meio ambiente e mitigar as ondas de calor, enquanto oferecem à população espaços saudáveis para lazer, atividade física e convivência comunitária.

Um exemplo concreto é o projeto “Parque dos Ipês”, na região do Imbirussu, que será um parque urbano com infraestruturas verdes, como biofiltração e jardins de chuva. Esses sistemas capturam e tratam a água da chuva, reduzindo o risco de enchentes e melhorando a qualidade da água, além de promover um ambiente natural equilibrado e agradável para os moradores.

Com essas iniciativas, a gestão municipal reforça o compromisso com a sustentabilidade e a preservação das Áreas de Proteção Ambiental (APA), garantindo o equilíbrio entre desenvolvimento e conservação.

Beto Pereira é ex-prefeito de Terenos (MS), deputado federal pelo PSDB em segundo mandato. Aos 46 anos, já foi vereador de Campo Grande, deputado estadual e senador pelo Mato Grosso do Sul. Filiado ao PSDB tem como candidata a vice-prefeita a coronel Neidy Centurião, do PL, sigla que junto ao PSD, PSB, Podemos, MDB, Solidariedade e Republicanos, formam coligação Juntos pela Mudança.

((o))eco: Como pretende agir para prevenir eventos climáticos extremos em Campo Grande?

Minha gestão dará prioridade à revitalização, ampliação e manutenção de parques e praças, com um foco significativo na arborização urbana. Vamos intensificar o plantio de árvores nativas em áreas públicas e nas margens de rios, o que ajudará a combater o aumento das temperaturas e a melhorar a qualidade do ar. A arborização será essencial para expandir as áreas verdes, trazendo mais sombra e conforto térmico para as ruas e avenidas da cidade.

Além disso, cuidaremos das nascentes e cursos d’água, implantando projetos de recuperação e proteção em regiões degradadas. 

Para garantir o envolvimento da comunidade, ações de educação ambiental e campanhas de conscientização sobre a importância de preservar esses espaços serão implantadas em escolas e bairros.

De que forma sua gestão vai trabalhar com o programa Córrego Limpo, Cidade Viva?

A cidade possui córregos que deveriam ser símbolos de vida, mas muitos, como o Córrego Prosa, estão degradados e cheios de lixo, prejudicando a saúde pública e o meio ambiente. Vamos limpar e revitalizar esses córregos, devolvendo à população áreas livres de poluição e com manutenção regular. Além disso, cuidaremos da proteção das nascentes e córregos para evitar sua destruição com o crescimento urbano. 

Para isso, vamos investir nas ações previstas no programa “Córrego Limpo, Cidade Viva”, principalmente na ampliação dos pontos de monitoramento da qualidade da água dos mananciais, que hoje são apenas pouco mais de 80 para todos os cursos d’água da Capital.

Nosso objetivo é fazer Campo Grande crescer com responsabilidade ambiental, preservando os recursos naturais e ampliando os espaços verdes.

Dia 6 de outubro vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC) que só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. Como sua gestão pretende acelerar a participação do comitê nas políticas públicas municipais?

Minha gestão pretende dar ao COMEC o protagonismo que ele merece na definição de políticas ambientais em Campo Grande. Para isso, vamos estabelecer uma agenda de reuniões periódicas e garantir que o comitê tenha um papel ativo na elaboração de estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. 

Além disso, fortaleceremos a atuação do COMEC com a participação direta da sociedade civil, especialistas e ONGs ambientais. Acelerar o processo de implementação de políticas discutidas no comitê será uma prioridade, começando com a elaboração de um plano de ação com metas claras e prazos definidos. 

O comitê será fundamental para garantir que todas as políticas públicas municipais contemplem a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.

Quais são suas propostas para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) que estão sob gestão da prefeitura de Campo Grande?

A fiscalização das áreas de proteção será intensificada, com aplicação rigorosa de multas para quem desrespeitar as regras. Campanhas educativas e parcerias com a Guarda Civil Metropolitana e o Corpo de Bombeiros também farão parte das medidas preventivas.

Rose Modesto (União Brasil) é ex-vice-governadora do Mato Grosso do Sul. Ela tem 46 anos e já foi vereadora em Campo Grande, secretária estadual de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho e deputada federal. O advogado Roberto Oshiro é seu candidato a vice-prefeito. Eles formam a federação “Unidos por Campo Grande” do União Brasil com o PDT.

((o))eco: Como pretende agir para prevenir eventos climáticos extremos em Campo Grande?

Uma das soluções para esse problema é plantar árvores. Elas absorvem gases da atmosfera que causam o efeito estufa. A cidade tem cerca de 180 mil árvores, 30 mil plantadas nos últimos 10 anos. Precisamos intensificar plantios nos bairros e, principalmente, refazer a mata ciliar que protege córregos e nascentes. Vamos colocar em prática o Plano Diretor de Arborização Urbana.

Vamos revitalizar o viveiro municipal. Custo estimado para revitalização e maquinário do viveiro é de cerca de R$ 1 milhão. Vamos envolver as escolas e mostrar a importância da arborização.

Também vamos implantar bacias de contenção de águas, de forma interligada, com monitoramento em parceria com universidades, para prevenir enchentes e alagamentos. Vamos estabelecer parcerias com instituições de pesquisa e monitoramento climático para aprimorar os sistemas de alerta precoce e previsão de eventos externos.

De que forma sua gestão vai trabalhar com o programa Córrego Limpo, Cidade Viva?

Potencializar o Projeto Córrego Limpo, com 99 pontos de monitoramento da qualidade da água dos 33 córregos, pra evitar poluição. Vamos aumentar a transparência nos resultados e ampliar monitoramento dos mananciais de abastecimento superficiais – APA do Ceroula, APA Lageado e APA do Guariroba.

Dia 6 de outubro vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC) que só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. Como sua gestão pretende acelerar a participação do comitê nas políticas públicas municipais?

Nossa gestão irá estimular e ampliar a participação, não apenas do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC), mas de todos os comitês e conselhos municipais. O controle social é importante e queremos retomar a importância que os conselhos e comitês tinham antigamente. O comitê é de extrema importância para auxiliar o Poder Executivo na elaboração de políticas públicas eficazes.

Quais são suas propostas para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) que estão sob gestão da prefeitura de Campo Grande?

Criar programa de arborização nas margens dos córregos, com frutíferas e nativas. Eles são corredores ecológicos, aves e animais andam por ele e precisam ser interligados por vegetação. O Plano Diretor de Arborização Urbana será colocado em prática com o auxílio do viveiro municipal.

Camila Jara (PT) tem 29 anos, é deputada federal, sendo eleita com 56.552 votos. Formada em ciências sociais pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), foi eleita vereadora de Campo Grande, em 2020. Tem como candidato a vice-prefeito o ex-governador e atual deputado federal, José  Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT. O partido encabeça a federação com PCdoB e PV.

((o))eco: Como pretende agir para prevenir eventos climáticos extremos em Campo Grande?

A tragédia no sul do Brasil é um alerta para todas as cidades brasileiras sobre a urgência de adotarmos políticas mais robustas para enfrentar as catástrofes ambientais, que tendem a aumentar com as mudanças climáticas.

O nosso plano de governo é pautado por uma agenda ambiental bastante ambiciosa, com o objetivo de tornar Campo Grande uma cidade carbono neutro até 2032. Temos como prioridade a implementação de um plano de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, que prevê ações concretas para reduzir o impacto de eventos climáticos extremos, como inundações e ondas de calor. 

Para alcançar essa meta, estamos focados em várias frentes de ação. Uma delas é a expansão do transporte coletivo sustentável. Vamos investir na implementação de veículos elétricos que vão desempenhar um papel fundamental na redução das emissões de CO₂. 

Também estamos comprometidos com a implementação de um plano de ação climático, que inclui medidas de prevenção contra alagamentos e ondas de calor, através da melhoria da drenagem urbana e da arborização das áreas mais vulneráveis da cidade.

Com essas ações integradas, vamos trabalhar para que Campo Grande se torne uma cidade mais resiliente, preparada para enfrentar os desafios ambientais e garantir a qualidade de vida para as próximas gerações.

De que forma sua gestão vai trabalhar com o programa Córrego Limpo, Cidade Viva?

Vamos ampliar e reforçar o programa Córrego Limpo, Cidade Viva, focando na despoluição e recuperação de córregos urbanos de Campo Grande. A proposta inclui um trabalho integrado com comunidades locais para conscientização ambiental e projetos de reflorestamento nas margens dos rios.

Além disso, planejamos integrar esse programa com outras políticas de desenvolvimento sustentável, visando transformar essas áreas em espaços de convivência e lazer, promovendo qualidade de vida para a população.

Na nossa gestão, a preservação de córregos será feita por meio de programas de monitoramento e melhorias no esgotamento sanitário, além de ações para prevenir alagamentos históricos e proteger nascentes.

Precisamos de um investimento constante, não há dispositivos de drenagem que atendam inteiramente às necessidades da cidade, ocorrendo eventualmente problemas de enchente ou acúmulo de águas pluviais em alguns pontos na época de maior precipitação, porque a rede é insuficiente e também possui problemas de entupimento das bocas de lobo por dejetos (lixo) jogados nas ruas que são carreados para as bocas de lobo pelas águas das chuvas e o serviço de limpeza do sistema não acompanha a demanda.

Obviamente que algumas ações paliativas são urgentes para evitar os transtornos causados pelas enchentes. No entanto, Campo Grande precisa de um grande estudo para identificar os pontos de acúmulo de água e entendê-los para que o município possa estudar soluções definitivas para isso. São necessários estudos técnicos aprofundados e planejamento para não passarmos todo verão pelo problema de água dentro das casas das pessoas e impedindo o trânsito de veículos prejudicando a mobilidade.   

Dia 6 de outubro vai fazer um ano da criação do Comitê Municipal de Enfrentamento às Mudanças Climáticas (COMEC), que só se reuniu pela primeira vez em fevereiro de 2024. Como sua gestão pretende acelerar a participação do comitê nas políticas públicas municipais?

Vemos o COMEC como um órgão essencial para o enfrentamento das mudanças climáticas e pretendemos garantir que suas ações sejam ágeis e efetivas. Para isso, nossa gestão irá garantir reuniões regulares e fortalecer o papel consultivo do comitê, com a participação ativa da sociedade civil, especialistas e representantes do setor público. 

Vamos investir na proteção dos nossos recursos naturais, intensificando o combate ao desmatamento e incentivando práticas sustentáveis na agricultura e na pecuária, que são essenciais para a economia da nossa região. 

Quais são suas propostas para as Áreas de Proteção Ambiental (APA) que estão sob gestão da prefeitura de Campo Grande?

Nossa proposta é uma gestão integrada e participativa para as Áreas de Proteção Ambiental (APA), que envolve a proteção desses ecossistemas críticos para a biodiversidade local. 

Defendemos a criação de conselhos gestores para cada APA, com participação da comunidade, ONGs e especialistas, além de fomentar a educação ambiental e o ecoturismo sustentável. 

Também planejamos destinar mais recursos para a fiscalização dessas áreas e para a recuperação de áreas degradadas, com o objetivo de garantir a preservação ambiental de longo prazo em Campo Grande.