São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP), através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), denunciou 17 pessoas na segunda-feira (29/7) pelas ações chamadas de “Novo Cangaço”, crimes praticados durante a noite ou madrugada, em que um grupo cerca uma cidade, geralmente no interior dos estados, e rouba grandes quantidades de dinheiro.
A Operação Baal foi deflagrada no dia 21 de maio para investigar uma organização criminosa voltada à prática de roubos chamados pela Polícia Federal de “domínio de cidade”, uma modalidade do “Novo Cangaço”.
A expectativa dos cinco promotores que subscrevem a denúncia, naturalmente, é que os denunciados sejam condenados pela Justiça. As 17 pessoas respondem na condição de réus por prática de formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os promotores também acreditam na pena, para cada um, de pagamento de R$ 5 milhões a título de indenização por danos morais à coletividade.
Segundo o MPSP, o modus operandi dos criminosos representa uma forma de conflito não convencional, tipicamente brasileiro e proveniente da evolução de crimes violentos contra o patrimônio “no qual grupos criminosos impedem a ação do poder público por meio do planejamento e execução de roubos que causam um verdadeiro terror social”.
A investigação, em conjunto com a Polícia Federal, começou a partir de informações sobre a tentativa de roubo a uma base de valores em abril de 2023, na cidade de Confresa (MT). Na ocasião, suspeitos foram presos ou mortos no confronto com as forças de segurança, sendo que um deles residia em São Paulo e integrava o Primeiro Comando da Capital (PCC).
As pistas revelaram que essa e outras ações semelhantes foram financiadas por integrantes da facção. “Além disso, constatou-se que os principais fornecedores das armas de fogo e das munições utilizadas pela organização criminosa são CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador)”, apontou nota do MPSP.
PCC e Novo Cangaço
Como já mostrado pelo Metrópoles, membros do PCC organizam e executam grandes assaltos chamados de Novo Cangaço. Além de arrecadar dinheiro emergencialmente, essas ações também são uma forma de mostrar o poder de fogo da facção e impor medo.
Em março de 2016, por exemplo, a quadrilha queimou dois caminhões e trocou tiros em Campinas, interior de São Paulo, após roubar R$ 4,8 milhões da Protege.
Pouco mais de um ano depois, já em Ciudad del Este, no Paraguai, o PCC levou US$ 40 milhões — R$ 194 milhões, na cotação de abril de 2017 — da Prosegur. Foram usados explosivos no que foi considerado o maior assalto da história paraguaia até então.
Já em dezembro de 2020, a facção roubou R$ 130 milhões do Banco do Brasil em Criciúma (SC). Para isso, levantou barricadas com carros incendiados e fez reféns sentados em meio à rua, contra a reação da polícia.
Em junho deste ano, relatório da Polícia Federal (PF) revelou como o PCC planejou, organizou e financiou a tentativa de um mega assalto a uma transportadora de valores, em abril do ano passado, no Mato Grosso. Nenhum centavo foi levado pela quadrilha.
Fonte: Oficial