São Paulo — O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), esquivou-se de se posicionar como “bolsonarista” nesta segunda-feira (15/7), apesar de contar com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e afirmou que as pessoas envolvidas nos ataques de 8 de Janeiro de 2023, em Brasília, não participaram de uma tentativa de golpe de Estado.
“O 8 de Janeiro foi um atentado contra o patrimônio público, que eu repudio”, disse o prefeito. “[Uma tentativa de golpe] daquelas pessoas que estavam ali, eu não acredito”, completou Nunes, durante uma sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo e o site UOL
O prefeito equiparou, na entrevista, os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, que, segundo decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) visavam desestabilizar o governo para impedir o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com uma manifestação ocorrida na sede do ministério da Fazenda em 2015, que teve participação do deputado federal Guilherme Boulos (PSol), seu principal adversário.
“Eu repudio, veementemente, qualquer tentativa de invasão, depredação de patrimônio, ações contra a democracia. Se foi uma tentativa de golpe a invasão daquelas pessoas para fazerem aquela depredação, foi tentativa de golpe o Boulos ter invadido, lá no dia 23 de setembro de 2015, o ministério da Fazenda”, afirmou.
Na sequência, o prefeito foi perguntado se era bolsonarista. “Sou ‘ricardista’. Sou apaixonado pela cidade. Me filei no MDB no dia em que tirei meu título de eleitor, com 18 anos”, esquivou-se. As entrevistadoras insistiram na pergunta, e Nunes disse que trabalhou pelo apoio do ex-presidente.
“Trabalhei muito para ter o apoio do presidente Bolsonaro. Estou grato e feliz por ter o apoio do presidente Bolsonaro. Você não vai achar em nenhum momento da minha história, das minhas publicações, das minhas entrevistas, críticas ao presidente Bolsonaro. Pelo contrário”, afirmou.
Nunes foi rebatido com uma situação que em criticou o ex-presidente quando Bolsonaro se referiu ao ex-prefeito Bruno Covas — morto em 2021, em decorrência de um câncer — como “aquele que morreu”. Nunes era vice do tucano e assumiu a Prefeitura naquele ano.
“O prefeito Bruno Covas, que é a pessoa que tenho como maior líder político, pela sua história de vida, pela relação que a gente desenvolveu como amigo, por ele ter me escolhido como vice, por nós termos trabalhado juntos. O que falei aqui é que nunca fiz nenhuma crítica a posicionamentos do presidente Bolsonaro. Com relação a isso [a forma desrespeitosa com que Bolsonaro se referiu a Covas], um comentário pessoal, obviamente. Não tenho que concordar tudo com o presidente Bolsonaro”, disse.
Violência doméstica
Na sabatina, Nunes foi questionado sobre um assunto que o acompanha desde a eleição passada: o boletim de ocorrência por ameaça registrado por sua mulher, Regina Carnovale Nunes, em 2011. Após reclamar que o assunto foi trazido à pauta da entrevista, ele disse que o boletim de ocorrência seria falso.
“É uma irresponsabilidade trazer uma coisa dessa. A Regina já falou que não fez [o boletim]. Ela contratou um advogado, ele entrou com uma petição falando que queria esse boletim de ocorrência assinado. Veio a resposta da delegacia dizendo que não existe esse boletim de ocorrência”, disse. “Ele não tem lá, colocaram no sistema, isso me machuca”, disse.
“É obvio que é forjado”, afirmou o prefeito, ao se referir ao documento.
Quando o caso veio à tona, segundo uma das entrevistadoras, a mulher de Nunes afirmou em uma carta à Folha de S. Paulo que estava em um “momento sensível” à época e que disse coisas que “não eram reais”, mas sem negar ter feito o registro na polícia.
“Como é lamentável vocês fazerem uma coisa dessas”, disse o prefeito, ao ser confrontado com essas informações.
Fonte: Oficial