São Paulo — Eleito como vice em 2020 em uma chapa liderada por Bruno Covas (PSDB), o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), se lança à reeleição neste sábado (3/8), em um evento para 10 mil pessoas na Assembleia Legislativa (Alesp), sem o partido que o ajudou a chegar ao poder, mas com o desejado apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem Covas era opositor antes de morrer, em 2021.
Enquanto é alvo de ataques de adversários de esquerda que o acusam de radicalismo por se aliar a Bolsonaro, Nunes sustenta que seu amplo arco de alianças é uma “frente ampla” contra a “extrema esquerda”, que seria representada pelo deputado federal Guilherme Boulos, candidato do PSol que conta com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antagonista de Bolsonaro na polarização política do país.
O evento deste sábado terá discursos de Bolsonaro, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), tido como principal aliado de Nunes, e do ex-presidente Michel Temer (MDB), além do próprio prefeito e candidato à reeleição. São esperadas ainda falas de representantes dos demais partidos da coligação, como PL, PP, PSD e Republicanos. À tarde, Nunes e Tarcísio irão a um evento exclusivo do União Brasil, convocado pelo presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, aliado do prefeito que se mostrou contrariado com a composição da chapa e ameaçou rompimento.
Tucanos ou bolsonaristas
Embora tenha sido eleito na chapa encabeçada pelo PSDB, Nunes priorizou a aliança com Bolsonaro durante as articulações de pré-campanha com o receio de que os bolsonaristas lançassem uma candidatura próprio a prefeito que ameaçasse sua ida ao segundo turno.
A estratégia se mostrou eficaz quando o emedebista começou a subir nas pesquisas até chegar à liderança da corrida nos últimos meses, ainda que em situação de empate técnico com Boulos nos principais levantamentos. O problema é que o PSDB, apesar da grave crise que enfrenta desde que perdeu o comando do estado, em 2022, decidiu arriscar alto em sua reconstrução e apadrinhou a candidatura do apresentador José Luiz Datena.
Os tucanos que apoiavam Nunes e tinham cargos na prefeitura acabaram migrando do PSDB para partidos da coligação do emedebista, como o próprio MDB, enquanto a ala antibolsonarista embarcou no projeto de Datena, que já desistiu de concorrer em outras quatro eleições. Desta vez, o apresentador diz que é pra valer e já subiu nas pesquisas, empatando com Nunes e Boulos, segundo a última pesquisa Genial/Quaest.
Vitrine e PF
Para exibir na campanha eleitoral, o prefeito vai levar números recordes em investimentos públicos, o fato de ter zerado a fila por vagas em creches, a criação de parques e o Domingão Tarifa Zero, programa que prevê ônibus gratuitos aos domingos.
Nunes, porém, chega à convenção que vai oficializar sua candidatura à reeleição em um momento delicado. Há duas semanas, teve de lidar com a volta da pauta de violência doméstica que adversários tentaram explorar na campanha passada, com o caso do boletim de ocorrência feito por sua mulher em 2011, no qual ela o acusa de ameaça.
Nesta semana, o prefeito voltou ao centro do noticiário sendo vinculado ao escândalo da máfia das creches na prefeitura, após uma investigada acusá-lo de receber dinheiro desviado das unidades de ensino infantil e a Polícia Federal (PF) ter decidido seguir com a investigação sobre o possível envolvimento de Nunes no esquema. Ele nega qualquer irregularidade.
Fonte: Oficial