O pacote de ajuste fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), na última quarta-feira, 27, ainda tem causado repercussões no mercado. O dólar prossegue em tendência de alta, ainda fechando acima de R$ 6,00 na quarta-feira 4.
As medidas, segundo o governo, devem economizar cerca de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Foi anunciada também a reforma no Imposto de Renda para viabilizar o aumento da faixa de isenção, a partir de 2026, para quem ganha até R$ 5 mil. De todas as medidas apresentadas, três já estão em análise na Câmara dos Deputados.
A primeira prevê a limitação do ganho real do salário mínimo aos limites do arcabouço fiscal (PL 4614/24). Isto levaria o salário mínimo a um esperado ganho real entre 0,6% e 2,5%, com base na inflação mais a variação do PIB.
“O pacote também precisa passar pelo Congresso e vai ser mais um tempo de desgaste político para passar da maneira que o governo quer e precisa”, afirmou Piovesan, que espera um período ainda turbulento no mercado.
Ele espera que, neste cenário, o Banco Central (BC) ainda mantenha uma taxa de juros elevadas, nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Para o especialista, a taxa atual é mantida em patamares elevados para combater efeitos externos à economia brasileira.
“Fenômenos globais externos estão influenciando, por isso dizemos que a inflação é mais de custo do que de demanda”, ressalta ele.
Falta de confiança interna
No entanto, fatores internos também influenciam. Um deles é a liquidez da economia, um fator positivo que, no entanto, pode se tornar um agente inflacionário caso a produção não acompanhe a demanda. Isto, de certa maneira, está ocorrendo neste momento.
“A liquidez ajuda a dar um aperto na demanda dos produtos e causa um impacto na inflação, a economia está com números bons, mas a taxa de inflação está sendo pressionada”, afirma Piovesan.
Fonte: Oficial