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Paul Watson, ativista contra a caça de baleias, deixa prisão na Groenlândia

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Paul Watson, ativista contra a caça de baleias, deixa prisão na Groenlândia

O ativista e protetor de baleias Paul Watson, que estava preso na Groenlândia desde 21 de julho, deixou a prisão nesta terça-feira (17). A soltura do fundador das organizações ambientalistas Greenpeace, Sea Shepherd e Captain Paul Watson Foundation (CPWF) se deu após o Ministério da Justiça da Dinamarca, que tem soberania sobre a ilha, ter negado um pedido de extradição feito pelo Japão, que o colocou na lista vermelha da Interpol por um incidente envolvendo um navio baleeiro japonês no Oceano Antártico, em 2010.

A prisão de Watson, que completaria 150 dias nesta quarta-feira (18), aconteceu em Nuuk, capital da Groenlândia, enquanto ele abastecia o navio M/Y John Paul DeJoria, da CPWF, que partia rumo ao Oceano Pacífico para confrontar o navio baleeiro japonês Kangei Maru e “encerrar suas operações”, segundo ele próprio. O ativista afundava navios que caçam baleias comercialmente – prática proibida por quase todos os países do mundo, exceto Japão, Noruega e Islândia.

“Às vezes ir para a prisão é necessário para defender seu ponto de vista”, afirmou Watson à CPWF, ao sair do Centro de Detenção de Nuuk. “Toda situação oferece uma oportunidade, e essa foi mais uma chance de destacar globalmente a caça ilegal de baleias do Japão no Santuário de Baleias do Oceano Antártico”, frisou. “Se eu fosse mandado para o Japão, talvez nunca voltasse para casa. Estou aliviado por isso não ter acontecido”, disse o ativista.

A negativa da Dinamarca ao pedido de extradição japonês foi devido à “natureza e antiguidade do caso”, de quase 15 anos, e à incerteza de que o tempo preso antes do julgamento seria descontado numa eventual pena no Japão. “É de particular importância para o Ministério da Justiça da Dinamarca assegurar que o tempo que Paul Watson esteve detido na Groenlândia fosse totalmente deduzido de uma potencial sentença de custódia que poderia ser imposta em conexão ao processo criminal no Japão”, afirmou Peter Hummelgaard, ministro da Justiça do país nórdico, em comunicado oficial.

“Com base na correspondência com as autoridades do Japão sobre este assunto, o Ministério da Justiça da Dinamarca avaliou que não se pode inferir com o necessário grau de certeza de que este seria o caso”, explicou o ministro. A decisão foi classificada como “uma vitória para os direitos humanos e para as baleias” por Locky MacLean, diretor de operações navais da Captain Paul Watson Foundation.

O governo japonês, por sua vez, expressou insatisfação com a recusa do pedido de extradição – decisão que classificou como “lamentável”, disse Yoshimasa Hayashi, porta-voz do primeiro-ministro Shigeru Ishiba. “O governo japonês continuará a lidar [com o caso] de maneira apropriada, baseado na lei e em evidências”, concluiu.

Jean Tamalet, um dos advogados do ativista, afirmou à AFP que o próximo passo agora é “atacar o alerta vermelho [da Interpol] e o mandado de prisão japonês, para garantir que o Capitão Paul Watson possa viajar por todo o mundo com tranquilidade e nunca mais passe por um episódio como este”.

Como detalhou a ONG chilena Centro de Conservación Ceteacea, no mês passado, as autoridades dinamarquesas estenderam o tempo de detenção de Watson em 4 oportunidades, além de o juiz do caso ter se recusado a analisar um vídeo que, segundo a defesa do ativista, provaria sua inocência das acusações de ter ferido um marinho de um navio baleeiro japonês. Além disso, ele teria tido restrições no acesso a medicações essenciais, e teve contato com familiares limitado a 10 minutos semanais de ligações.

Watson, que completou 74 anos na prisão, no último dia 2, afirmou à Reuters estar aliviado por poder “chegar em casa para ver meus filhos antes do Natal”. “Não vejo meus filhos desde junho. Mas o apoio aqui na Groenlândia tem sido incrível”, comentou, afirmando ter recebido mais de 4 mil cartas de apoio, incluindo mais de uma dezena vindas de japoneses. A Captain Paul Watson Foundation citou ainda apoios vindos de figuras como “o presidente do Brasil” e outras autoridades políticas e famosos mundo afora, especialmente da França, país onde ele reside com a família desde 2023.