São Paulo — Júlio César Agripino, de 33 anos, conquistou, na manhã desta sexta-feira (30/8), a medalha de ouro na prova dos 5 mil metros da classe T11 (deficiências visuais) do atletismo nas Paralimpíadas de Paris. O atleta, nascido em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, terminou a prova em 14 minutos, 48 segundos e 85 milésimos, batendo o recorde mundial e paralímpico da modalidade.
Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), aos sete anos, Júlio foi diagnosticado com ceratocone, doença degenerativa na córnea. Ele já praticava o atletismo convencional e com o diagnóstico migrou para a modalidade paralímpica.
Em entrevista após a conquista, o atleta relembrou a época em que começou no esporte, treinando em um campo de periferia.
“Obrigado a todos pelo carinho. Para mim, é uma emoção muito grande. Isso mostra o poder que a gente que saiu da periferia tem. Quando comecei a correr, só tinha um campinho de futebol e a minha determinação. Com muita força de vontade, cheguei aqui. Não tive força nenhuma da minha cidade. Espero que agora eles arrumem aquele campinho. Não quero repercussão para mim, e sim fazer a diferença para o meu bairro e para a sociedade”, afirmou.
O atleta dedicou a medalha ao avô e ainda ressaltou a importância do acompanhamento psicológico na conquista.
“Sempre tive dificuldade para controlar a parte mental, me concentrar. Eu chegava bem condicionado, mas falhava na concentração. Conversei ontem com minha psicóloga, falei que estava um pouco nervoso, mas hoje acordei e pensei, ‘vou ganhar’. Ela falou que eu iria reagir bem e foi o que aconteceu”, ressaltou o velocista.
O atletismo é a modalidade que mais dá medalhas ao Brasil na história dos Jogos Paralímpicos: já são 49 ouros, 70 pratas e 53 bronzes em provas de pista e de campo, totalizando 172.
Fonte: Oficial