O plano de investimentos da Shein no Brasil, anunciado em abril de 2023, não saiu como o esperado e prejudicou pequenas e médias empresas do setor têxtil que estavam envolvidas no contrato.
No ano passado, representantes da empresa chinesa estiveram em Brasília para firmar um acordo com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT).
Promessas da Shein
O acordo previa um investimento de R$ 750 milhões. Além disso, a Shein havia se comprometido em apoiar cerca de 2 mil pequenas e médias empresas do setor têxtil, que seriam responsáveis pelas produções das roupas.
A Shein também deveria criar mais de 100 mil empregos, segundo anúncio oficial divulgado pelo Palácio do Planalto. A Coteminas, que está em recuperação judicial com dívidas de R$ 2 milhões, foi escolhida para ser a intermediária na parceria.
Mudança de planos
A companhia chinesa, entretanto, não cumpriu o acordo e diminuiu o prazo dado às empresas para as entregas dos produtos. Além de causar desconforto, a mudança de planos fez com que as entregas se tornassem inviáveis.
“Quando começamos, o prazo de entrega que eles pediam era de 60 dias”, afirmou Janúncio de Azevedo, diretor da Nobre Confecções, ao portal UOL. “Depois, baixou para 30.”
Quebra de contrato
A parceria com a Nobre Confecções, sediada no Rio Grande do Norte, foi interrompida em dezembro. A quebra de contrato deixou Azevedo com um estoque considerável de matéria-prima e a necessidade de buscar novos clientes.
Ronaldo Lacerda, sócio da Cabugi Confecções, relatou ter produzido 80 amostras de coleções para a Shein, todas aprovadas. No entanto, não recebeu mais contatos depois de outubro. Empresas do Ceará e de Pernambuco também encerraram parcerias com a Shein em razão das exigências de prazo.
“Você pode ter 300 fábricas cadastradas, mas o importante é saber se os pedidos estão saindo e se está havendo evolução na produção local com a marca Shein”, diz Fernando Pimentel, presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil, ao UOL.
Edmundo Lima, presidente da Associação Brasileira do Varejo Têxtil, concorda que a logística é um impedimento. “O Brasil tem vocação para produção de algodão, mas não tem grandes produtores de fibras sintéticas.”
Fonte: Oficial