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PM da Rota que baleou policiais civis no Capão Redondo segue nas ruas

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PM da Rota que baleou policiais civis no Capão Redondo segue nas ruas

O PM diz que confundiu os investigadores, que estavam com identificação da Polícia Civil, com traficantes e, por isso, atirou. Um policial foi atingido de raspão e o outro, identificado como Rafael Moura, foi atingido por um projétil no braço e dois no abdômen. Ele está internado no Hospital das Clínicas em estado grave.

Polícia Civil instaurou inquérito

A Polícia Civil diz ter instaurado um inquérito para apurar se o sargento agiu de forma desproporcional, mas não mencionou a possibilidade de afastamento do agente.

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De acordo com o delegado Antonio Givanni Neto, em um primeiro momento, o caso é tratado como legítima defesa putativa – isto é, quando alguém, de forma equivocada, acredita estar sob injusta agressão e age como se estivesse em legítima defesa. Segundo a autoridade policial, não é possível determinar se houve excesso.

“Sendo assim, decide esta Autoridade Policial pela apuração investigativa em profundidade, eis que a dinâmica dos fatos, num juízo cognitivo sumário carece dessa apuração. O inquérito policial será instaurado”, diz o delegado no boletim de ocorrência.

“[…] O inquérito policial instaurado poderá, com a profundidade que trará os elementos de informação e as provas cautelares, não receptíveis e antecipadas, revelar a ausência ou a presença dos elementos de culpa e se o erro era evitável ou não”, acrescenta Antonio Giovanni Neto.

As imagens da câmera corporal usada pelo sargento no momento dos disparos foram disponibilizadas pela Polícia Militar para a apuração do caso. Segundo o delegado, elas mostram o PM correndo pela rua e entrando em uma viela, quando dá de cara com um homem armado. Ele então reage de imediato dando quatro disparos e recua. A gravação não foi divulgada pelas autoridades policiais.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso é investigado pelo 37º Distrito Policial (DP), do Campo Limpo. A pasta foi questionada sobre a permanência de Mendes nas ruas, e informou  apenas que “as imagens registradas pelas câmeras operacionais portáteis (COPs) foram analisadas pelos responsáveis por ambos os inquéritos e são compatíveis com a versão dos fatos apresentada pelos envolvidos, incluindo o policial militar citado”.

“Entrou para matar”

Um policial, que prefere não se identificar, disse ao Metrópoles que conhece bem a região onde Mendes atirou contra os policiais civis, por já ter trabalhado no território. Segundo ele, a conduta era desnecessária, já que não costuma ter criminosos armados no local.

Um mês antes da ocorrência que deixou Moura ferido, o sargento da PM se envolveu em outra ocorrência a 500 metros do local. Esta, no entanto, resultou em homicídio. A vítima foi um homem ainda não identificado, que, segundo a versão dos PMs, estaria segurando uma arma de fogo.


Dinâmica da ação que feriu o policial

  • Agentes da Polícia Civil estavam em diligências no Capão Redondo, com viatura da corporação e distintivo.
  • Mesmo com a identificação, em uma viela, policiais da Rota viram os agentes e, acreditando se tratar de traficantes, atiraram.
  • Os agentes, alvos dos disparos, tentaram alertar que eram policiais. Apesar dos avisos, eles foram baleados.
  • Um dos policiais civis, identificado como Rafael Moura, foi atingido com três tiros: um no braço, e dois no abdômen.
  • Em estado grave, ele foi encaminhado ao Hospital das Clínicas, onde passou por cirurgia.
  • O outro policial civil foi atingido de raspão, atendido no Hospital Campo Limpo e liberado.

Bala alojada na vértebra e necessidade de doação de sangue

Moura segue internado no Hospital das Clínicas, com uma bala alojada na vértebra. Com traqueostomia, o agente consegue reagir e apertar a mão da esposa, mas não consegue falar ainda. Ainda em estado grave, o policial civil agora está estabilizado. Ainda não é possível determinar se ele terá sequelas.

Moura passou por uma cirurgia nesse domingo (13/7) e passará por outra no trato respiratório. O policial civil ainda deve passar por mais procedimentos para reparar o intestino, o pâncreas e a veia cava – vaso sanguíneo que transporta sangue venoso de volta para o coração.

Para realizar cada cirurgia, Moura está utilizando diversas bolsas de sangue. Por isso, seus colegas de corporação pedem para, quem puder, ir fazer uma doação.

“A Polícia Civil está indo em peso doar. É preciso cobrar a Polícia Militar para fazer o mesmo – não só pelo Rafael, mas para outros pacientes também”, disse um policial que prefere não se identificar.

Fonte: www.metropoles.com