São Paulo — O sargento da Polícia Militar de São Paulo, Gabriel Luís de Oliveira, que admitiu comemorar mortes de criminosos com “charutos e cervejas” em vídeo gravado pelo youtuber norte-americano Gin Kimura no mês de abril deste ano, é um dos 13 policiais acusados de participar da morte de nove pessoas em dezembro de 2019, em um baile funk em Paraisópolis, zona sul de São Paulo.
A informação foi dada nesta quinta-feira (27/6) pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, Gabriel era o motorista do primeiro tático móvel que chegou à favela de Paraisópolis na data do ocorrido.
Ainda de acordo com o jornal, a viatura dava apoio à perseguição de duas motos cujo ocupantes haviam atirado objetos contra outros agentes. A ação teria dado início ao tumulto que resultou na morte de nove pessoas e feriu mais 12, a maioria pisoteados.
Na época, a Polícia Militar afirmou que a viatura foi atacada por garrafas e pedras e por isso os agentes revidaram com armas menos letais – bombas de efeito moral e bala de borracha.
Os policiais tiveram que pedir apoio para deixar o local e conseguiram sair sem ferimentos. A versão policial ainda diz que os PMs atenderam os feridos em uma viela.
Em denúncia aceita pela Justiça, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) afirma que o sargento Gabriel Luís desceu da viatura e agrediu com um cassetete “quem buscasse fugir do tumulto por aquela esquina”. Além disso, o MP alegou que os agentes motivaram tumulto, pânico e sofrimento, “em abusiva demonstração de poder e prepotência contra a população”.
À época, o até então cabo foi afastado das operações nas ruas, assim como outros agentes envolvidos.
Nova equipe
Gabriel Luís foi promovido a sargento e transferido para a zona norte em 2023. Já na região, começou a trabalhar em uma nova equipe da Força Tática, uma das que participaram do vídeo do youtuber Gen Kimura em que grava um dia com a Polícia Militar.
Em um momento da gravação, o sargento diz, em inglês, que os policiais comemoravam a morte de criminosos com charuto e cerveja. O trecho foi cortado do material após a repercussão negativa.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), informou que, assim que teve acesso ao vídeo, solicitou esclarecimentos à Polícia Militar. A corporação, imediatamente, “instaurou uma sindicância para apurar todas as circunstâncias relativas aos fatos e adotar as providências necessárias”.
A pasta ainda disse que a frase proferida pelo sargento “não condiz com as práticas adotadas pelas forças de segurança do Estado”. “Excessos e desvios não são tolerados e todos os casos são punidos com rigor. Além disso, a dinâmica do vídeo não é permitida de acordo com as regras internas da corporação”.
Ao Metrópoles, a SSP disse a gravação do vídeo foi autorizada e que o responsável por isso foi realocado.
Fonte: Oficial