Alex era mecânico e trabalhava na oficina de onde estava saindo quando foi morto. No registro policial, no entanto, não consta a profissão dele.
O BO, obtido pela reportagem, foi registrado por um PM que não participou da ocorrência, mas que trabalha no mesmo batalhão de Mário de Cicco Filho, Luis Fernando Santos Correia e Ezequiel Scaffman Mota – autores dos disparos que tiraram a vida do mecânico.
Outro PM que estava na ação, Fernando Felix, aparece no BO como investigado. Tanto Alex quanto os demais agentes aparecem no documento policial como autor/vítima. Nenhum dos policiais usava bodycam no momento da ocorrência.
O que diz o BO
- De acordo com o registro, Fernando, Ezequiel, Luis e Mario estavam em patrulhamento na Avenida Paulo Guilguer Reimberg, na noite de domingo.
- Na altura no número 2.900, viram o veículo de Alex, “que trafegava em atitude suspeita, sendo observado que o condutor demonstrava visível nervosismo”.
- Ainda segundo a declaração da PM, os agentes emparelharam a viatura com o carro de Alex, determinando parada.
- Nesse momento, ele teria apontado um revólver em direção aos policiais, que “buscando repelir iminente agressão, ainda no interior da viatura, efetuaram os disparos”.
- Mário deu um tiro de fuzil, Ezequiel deu dois tiros de pistola, e Luis deu um tiro, também de pistola.
- Duas balas atingiram Alex: no tórax e braço esquerdo.
Versão da PM
De acordo com a versão dos policiais militares, o mecânico portava um revólver calibre .38 com numeração suprimida e cinco cartuchos intactos. Não há registro de que ele tenha efetuado qualquer disparo.
Em vistoria no interior do veículo, os PMs dizem ter encontrado uma mochila com substância entorpecente, “aparentemente maconha”. Segundo o BO, não foi possível determinar a quantidade, e nem mesmo se eram tijolos ou porções fracionadas. Também não há registro de que foi encontrado dinheiro na bolsa ou no carro.
O carro, que não estava no nome de Alex e não possuía seguro, não tinha queixa de furto ou de roubo. O veículo foi apreendido, assim como um relógio, duas correntes douradas e um celular — que não foram atribuídos ao mecânico no registro oficial.
Segundo o registro, Alex chegou com vida ao hospital, mas não resistiu. A unidade hospitalar em que ele foi atendido, no entanto, não é informada no BO.
A perícia da cena do crime foi feita por agentes do 101º Distrito Policial (Jardim das Imbuias), onde a ocorrência foi inicialmente registrada. Agora, o caso é investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil de São Paulo.
Esposa diz que PMs plantaram arma
Segundo Eliana, esposa do mecânico, não é verdade que Alex portava uma arma ou drogas no momento em que foi morto pela polícia.
“Isso é o que eles falam, que estava com uma arma e uma mochila com drogas, eles sempre falam isso. É claro que não, ele não tem arma, não usa isso, a polícia plantou essa arma lá”, disse ao Metrópoles.
Para Eliana, o registro policial é uma tentativa de tirar a responsabilidade dos agentes e colocar a culpa da ocorrência em Alex. “Até quando eles vão ficar fazendo isso com pessoas inocentes e fica caluniando com isso sempre difamando a dignidade das pessoas assim?”, questionou a viúva. Ela diz que vai até o fim para mostrar que o marido é inocente.
Dor do luto
Não é apenas Eliana quem sofre com a morte de Alex. Segundo a jovem, a mãe do mecânico está “arrasada”.
O casal tem um filho, de 4 anos, que também está sofrendo com a perda do pai. “A vida dos dois era um pelo outro, sabe? Era um amor surreal. Ele não largava o pai de jeito nenhum, só vivia chorando, querendo o pai. E assim como o Alex também, não deixava ele. Tudo era por ele, tudo fazia por ele. E era assim. Eram muito muito grudado”, finalizou Eliana.
Fonte: www.metropoles.com




































