São Paulo — Exames genéticos feitos pela Polícia Científica de São Paulo identificaram a sequência de DNA de um dos homens envolvido no assassinato de Pedrinho Matador, o maior serial killer do Brasil, em 5 de março de 2023. A identidade dele, no entanto, ainda é uma dúvida para a polícia.
Desde o dia do crime, o Setor de Homicídios e de Proteção à Pessoa (SHPP) de Mogi das Cruzes, Grande São Paulo, onde ocorreu a execução, tenta localizar o trio que ocupava um Volkswagen Gol, preto, usado para chegar e fugir do local do homicídio.
Um laudo da Polícia Técnico-Científica (PTC), obtido com exclusividade pelo Metrópoles, afirma que peritos encontraram material genético em uma camiseta, em uma máscara cirúrgica e em uma calça. Os itens estavam no carro usado pelos suspeitos, que foi abandonado na Estrada Cruz do Século.
O perfil é masculino e foi inserido no banco de dados genéticos da Superintendência da PTC, que integra a rede de bancos de perfis genéticos do Brasil (Ribpg). No entanto, nenhuma coincidência gênica com qualquer amostra já armazenada nos bancos estaduais e nacional foi observada até o momento.
“Uma vez que tais sistemas são constantemente atualizados, eventuais futuras coincidências [genéticas] serão informadas”, diz trecho do laudo.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), São Paulo tem 27.888 perfis genéticos cadastrados e todos os DNAs inseridos no banco estadual paulista são processados no Núcleo de Biologia e Bioquímica da SPTC.
A execução de Pedrinho Matador
Registrado em cartório como Pedro Rodrigues Filho, o assassino em série foi morto a tiros e em seguida degolado, à luz do dia e em uma calçada, quando tinha 68 anos de idade. Ele afirmava ter matado mais de 100 pessoas.
No dia em que morreu, Pedrinho Matador foi abordado por dois criminosos, por volta das 9h50 do dia 5 de março de 2023. Ele estava sentado em uma cadeira, em frente ao número 45 da Rua José Rodrigues da Costa, em Mogi das Cruzes.
Um homem com uma máscara do palhaço Coringa feriu Pedrinho com quatro tiros de pistola, que o atingiram na boca, abdômen, costas e axila esquerda. Em seguida, o comparsa, que usava uma máscara cirúrgica, semelhante à apreendida pela polícia, degolou o serial killer com uma faca de cozinha.
Ambos fugiram no Volkswagen Gol, com placas da capital paulista, guiado por um terceiro criminoso.
A Polícia Militar foi acionada no momento do homicídio de Pedrinho. A direção para a qual o carro dos suspeitos fugiu foi indicada na denúncia.
Uma viatura da corporação chegou rapidamente à estrada onde o Volkswagen estava. Os criminosos chegaram a encharcar os bancos e o assoalho do carro com combustível, cujo galão foi encontrado em meio ao mato. Também foi achado um pedaço de papelão, parcialmente queimado, indicando que o trio pretendia atear fogo no veículo.
Na pressa para fugir, deixaram todas as portas abertas, além de objetos.
Entre os itens havia uma camiseta e uma calça, que estavam no chão ao lado do veículo. Dentro do carro, no assoalho, havia uma máscara cirúrgica e também duas munições intactas.
Denúncia e suspeito
Instantes após o homicídio, uma pessoa formalizou denúncia por meio do telefone 181. Na ligação, transcrita e obtida pelo Metrópoles, foi mencionado o nome de um comerciante como a pessoa que dirigia o carro usado no homicídio.
A execução de Pedrinho, segundo a denúncia, resultou de “ordem da facção [Primeiro Comando da Capital]”. O motivo seria uma “rixa antiga”.
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A reportagem apurou que o alvo da denúncia anônima precisou prestar esclarecimentos em uma delegacia, dias antes do homicídio de Pedrinho, por conta de uma metralhadora. Em relatório da Polícia Civil, é mencionado o suposto envolvimento dele com o PCC no tráfico de drogas.
Em 9 de maio, dois meses após a morte de Pedrinho, a polícia apreendeu uma pistola 9 milímetros na casa do mesmo homem, calibre idêntico ao usado na execução do serial killer. O mesmo tipo de armamento foi apreendido com a ex-mulher do comerciante. Exames de balística deram negativo para as pistolas, ambas legalizadas, levando a investigação para a estaca zero.
O Setor de Homicídios de Mogi das Cruzes solicitou, então, mais tempo à Justiça para seguir com as investigações, que já duram um ano e cinco meses.
Quem foi Pedrinho
Natural de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, Pedrinho nasceu com uma rachadura no crânio em razão dos chutes que o pai dele dava na mãe durante a gestação. O primeiro crime do serial killer foi quando ele tinha 13 anos. Pedrinho afirmou que empurrou um primo no moedor de cana e depois o picou com um facão.
Cerca de um ano depois, aos 14, Pedrinho matou o vice-prefeito de Alfenas, também em Minas Gerais, por demitir o pai. Na época, o pai de Pedrinho foi acusado de furtar merendas destinadas aos alunos da escola onde ele trabalhava como guarda. Após matar o político, Pedrinho também assassinou outro vigia da unidade escolar, que ele acreditava ser o verdadeiro responsável pelos furtos.
Após cometer os primeiros homicídios, Pedrinho fugiu para Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, onde ficou conhecido por roubar bocas-de-fumo e matar pessoas relacionadas ao tráfico.
Pedrinho Matador só foi preso aos 18 anos, em 1973. À época, acabou condenado a 128 anos de prisão. No entanto, foi justamente no sistema penitenciário que ele cometeu a maior parte dos assassinatos.
Pedrinho justificava os homicídios. Segundo ele, matava “pessoas que não prestavam”. Entre as vítimas, estavam estupradores e traidores. O homem dizia que não aceitava algumas condutas criminosas e afirmava que nunca matou crianças, mulheres e pais de família.
Em 2018, Pedrinho conquistou a liberdade, aos 64 anos, após cumprir 42 anos de pena.
Fonte: Oficial