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Psicólogo criminal descarta psicopatia em réu por matar Igor Peretto

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O psicólogo criminal Christian Costa, que analisou Mário Vitorino da Silva Neto, acusado de matar o empresário Igor Peretto a facadas em 31 de agosto do ano passado em Praia Grande, no litoral de São Paulo, afirmou que o réu não apresenta “doença mental, psicopatia, transtorno antissocial, narcisista ou qualquer maturidade criminal”. Para o especialista, ele é uma pessoa “sem padrão violento”.

O profissional afirmou em juízo que avaliou Mário no ambiente penitenciário, enquanto ele está preso preventivamente pelo homicídio de Peretto. Foram realizados três encontros com o réu com o objetivo de compreender o perfil psicológico do acusado e a dinâmica emocional do crime.

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Entenda quem é quem no assassinato do empresário Igor Peretto, no litoral de São Paulo. Imagem: Metrópoles

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Entenda quem é quem no assassinato do empresário Igor Peretto, no litoral de São Paulo

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Igor Peretto, Mário Vitorino, Marcelly Delfino Peretto e Rafaela Costa Silva

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Igor Peretto e Mário Vitorino conversam no elevador antes da morte de Igor

Reprodução

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Nesses encontros, o psicólogo utilizou testes neuropsicológicos e projetivos a fim de analisar o autocontrole, o processo decisório e a estrutura de personalidade de Mário. A partir dos testes, Costa descartou que o réu tenha algum transtorno ou doença associada à psicopatia, além de não acreditar que o crime tenha sido premeditado. O especialista utilizou diversos argumentos para sustentar a tese.

O que disse o psicólogo criminal

O psicólogo avaliou a cena do crime como desorganizada, impulsiva e sem sinais de premeditação. Para ele, o cenário revelava “perda de controle emocional”.

Costa relatou ainda que o confronto entre Mário e Igor começou ainda no carro, e culminou em uma “luta intensa” dentro do apartamento, “marcada por violência recíproca”.

Momentos antes da briga, segundo as investigações, o empresário descobriu que a esposa dele, Rafaela Costa, de quem estava separado à época, estaria tendo um caso com Mário, de quem era sócio, amigo e cunhado.

Para o psicólogo, com a descoberta, Igor teria reagido “com agressividade, o que desencadeou o confronto”. Mário então reagiu “em autodefesa, num ato instintivo de sobrevivência”.

A análise necroscópica da vítima mostrou que Igor sofreu aproximadamente 40 perfurações pelo corpo. Para Costa, a quantidade de ferimentos e o descontrole do ambiente também contribuem para descartar a tese de premeditação, uma vez que tais fatos não indicariam “execução ou planejamento, mas uma briga violenta e desordenada”.

O réu teria sentido “forte carga emocional e medo, que ativaram reações automáticas de luta e fuga”. Ele passou cerca de 15 dias foragido da polícia após o crime.

Para Costa, a “fuga desorganizada e ausência de tentativa de ocultação” confirmam a falta de premeditação do homicídio.

O psicólogo concluiu que Mário agiu em autodefesa, que o crime foi impulsivo e emocional, e que não há indícios de participação ou ajuste prévio de Rafaela Costa da Silva ou Marcelly Marlene Delfino Peretto, viúva e irmã da vítima respectivamente.

A participação de cada um no crime

  • Mário Vitorino da Silva Neto (amigo, cunhado e sócio de Igor) é apontado como o autor das facadas que tiraram a vida do empresário. Ele está preso preventivamente desde 15 de setembro do ano passado e, na última sexta (17/10), foi pronunciado por homicídio com três qualificadoras – motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Com a decisão, o réu irá a júri popular. O julgamento ainda não tem data marcada.
  • Marcelly Marlene Delfino Peretto (irmã mais nova de Igor e esposa de Mário, separada dele à época do crime) é dona do apartamento onde o empresário foi morto. Ela estava no local no momento do crime, mas não teria tentado impedir as agressões letais. A jovem está presa preventivamente desde 6 de setembro do ano passado e, na última sexta, também foi pronunciada por homicídio com três qualificadoras – motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa do ofendido. Com a decisão, a ré irá a júri popular, no mesmo julgamento que o ex-companheiro.
  • Rafaela Costa da Silva (viúva de Igor, separada dele à época do homicídio) tinha um caso com Mário Vitorino e já teve relações íntimas com Marcelly, a própria cunhada. Ela não estava presente no momento do crime, tendo deixado o edifício 13 segundos antes da chegada de Igor e Mário. Foi apontada como pivô do homicídio e responsável por atrair a vítima para o local. A Justiça não encontrou materialidade nas acusações, e não pronunciou a jovem por homicídio. Presa desde 6 de setembro do ano passado, Rafaela foi solta na última sexta.

A manhã do crime

De acordo com a cronologia do crime, elaborada pela Polícia Civil, Marcelly e Rafaela chegaram de carro ao Residencial Vogue, onde Marcelly é proprietária de um apartamento, às 4h32 do dia 31 de agosto, madrugada de sábado. Antes disso, elas estavam em uma festa junto de Mario e Igor.

Por volta das 5h40, Rafaela saiu sozinha do apartamento de Marcelly e partiu de carro. Apenas 13 segundos depois, Mário e Igor chegam juntos ao prédio. Às 5h44, os dois homens saem do elevador em direção ao apartamento de Marcelly, onde Igor foi assassinado.

Um vídeo mostra os últimos momentos de Igor com vida. Veja:



Vinte minutos depois, às 6h04 do sábado, Mário e Marcelly saem sozinhos pelas escadas do prédio e vão em direção ao subsolo, onde está estacionado o carro de Mario.

Os depoimentos dos réus divergem quanto aos detalhes do crime. Apesar disso, a Polícia Civil concluiu que houve uma discussão entre o trio. Em dado momento, Mário desferiu diversos golpes de faca em Igor, que morreu no local.

Após o homicídio, o cunhado e a irmã de Igor partiram de carro em direção ao apartamento de Mario. De lá, o casal seguiu para a estrada, tendo encontrado Rafaela aproximadamente às 8h48 no Posto Olá, no km 124 da Rodovia Governador Carvalho Pinto.

Uma hora depois, o trio chegou em Campos do Jordão. Marcelly teria pego um carro de aplicativo e retornado para a Praia Grande, enquanto Rafaela e Mario foram a um motel em Pindamonhangaba, no interior, para que ele trocasse as roupas sujas de sangue.

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Motel em que Rafaela Costa da Silva e Mário Vitorino da Silva Neto foram após assassinato de Igor Peretto. Imagem: Polícia Civil

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Quarto onde Mário e Rafaela ficaram em Pindamonhangaba. – Imagem: Polícia Civil

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Suíte 25 do Motel Miami, onde Rafaela e Mário se hospedaram. Imagem: Polícia Civil

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Honda HR-V preto de Mário. Imagem: Polícia Civil

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Carro de Mário abandonado no centro de Pindamonhangaba. Imagem: Polícia Civil

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Manchas de sangue no veículo. Imagem: Polícia Civil

Polícia Civil

Prisões e soltura de viúva

Rafaela e Marcelly se apresentaram à polícia e prestaram depoimento no dia 6 de setembro do ano passado, dia em que foram presas preventivamente.

Mario foi encontrado apenas no dia 15 daquele mês, na casa de um tio de Rafaela na cidade de Torrinha, no interior de São Paulo. Assim que foi capturado, ele também foi preso preventivamente.

Rafaela foi solta na última sexta, após ter alvará expedido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). O juiz Felipe Esmanhoto, responsável pelo caso, apontou que não há materialidade suficiente para acusá-la por homicídio e, assim, mantê-la detida.

O magistrado afirmou que a participação de Rafaela no caso aponta para possível favorecimento pessoal, o que não foi denunciado pelo MPSP e também não prevê prisão preventiva. Por isso, ela permanece livre até que a Justiça julgue novos recursos da acusação.

Fonte: www.metropoles.com