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Quase metade das espécies de aves do mundo é comercializada

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Quase metade das espécies de aves do mundo é comercializada

Um levantamento inédito revela que quase metade das espécies de aves do mundo já é comercializada. O trabalho pode ajudar a melhorar a fiscalização sobre crimes, as estratégias de conservação e as listas de animais para negócios legalizados.

Publicado na edição de setembro da revista científica Conservation Biology, o estudo estima que 4.915 diferentes tipos de aves são compradas e vendidas globalmente. Elas representam 44,7% das quase 11 mil espécies de emplumados mundialmente conhecidas.

Contudo, os números não são uma medida direta de ameaças. “São necessárias novas abordagens para avaliar de forma sistemática até que ponto o volume de comércio está correlacionado com a sustentabilidade do comércio e o risco de extinção”, detalha o trabalho.  

Na América do Sul, aves canoras, papagaios e outros psitacídeos são fortemente comprados e vendidos para concursos de canto ou como animais de estimação. Na África, partes de abutres (parentes dos urubus) são usadas em “medicina tradicional”.

Em variados países, aves de rapina são capturadas e treinadas para se tornarem caçadoras amestradas. Na Europa e no Oriente Médio, espécies selvagens são mortas para uso culinário. No México, carcaças secas de beija-flor viram amuletos românticos.

Enquanto isso, na Indonésia, um país insular no sudeste asiático, corujas são mais comercializadas provavelmente pela popularidade dos livros e filmes de Harry Potter, onde espécimes aparecem com frequência, avaliam os pesquisadores. 

Em vermelho, laranja e amarelo, as regiões globais com espécies de aves mais comercializadas. Mapa: Assessing the global prevalence of wild birds in trade/Conservation Biology/09 September 2024/O Eco

Os países tentam regular o comércio de aves adotando regras de acordos como as convenções da Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres e do Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (Cites, sigla em Inglês.)

Contudo, negócios globalmente disseminados e mal controlados pelas autoridades públicas tornam as estatísticas disponíveis distantes dos números reais de espécimes compradas e vendidas, assinala o estudo.

Além disso, é vigorosa a comercialização de aves não listadas na Cites, bem como o tráfico. Monitorar essas duas vertentes é ainda mais complicado, depende de registros de importações para países ou blocos que fazem esse controle, de pesquisas de mercados online, Redes Sociais ou de apreensões.

O cenário não reduz a importância do mapeamento publicado na Conservation Biology. Ele identificou regiões mundiais onde o comércio pode mais prejudicar a conservação de aves, o que pode ajudar a endurecer a fiscalização e refinar listas de espécies legalmente comercializadas.