Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o chefão do PCC foi preso em Mongaguá, no litoral Sul de São Paulo, durante uma confraternização familiar. A pasta afirma que ele “foi localizado após um meticuloso trabalho de inteligência da PM”.
Em junho de 2023, Batatinha foi solto por decisão do ministro Sebastião Reis Junior, do STJ. Na época, ele cumpria de pena de mais de 10 anos em regime fechado no presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo.
O magistrado argumentou que a prisão de Batatinha teria sido ilegal, ainda que estivesse portando 2 kg de cocaína. O motivo, segundo ele, seria o fato de que os policiais teriam decidido fazer a abordagem porque o suspeito “deixou transparecer nervosismo”. Para o ministro, como a abordagem foi ilegal, todas as provas que derivam dela também deveriam ser consideradas ilegais.
Dois meses depois, após recurso do Ministério Público de São Paulo, os ministros da 6ª Turma do STJ revisaram a decisão e restabeleceram a prisão.
Prisão
Os policiais foram atendidos pelo dono da casa, que disse estar em uma festa de família. Segundo os agentes que o prenderam, o homem franqueou acesso da PM à sua casa para que pudessem conferir quem eram os convidados da confraternização. Ele disse que só havia “pessoas da família”. Lá dentro, acharam um homem que batia com a aparência de Batatinha.
Ao ser questionado sobre quem era, o chefão do PCC disse ser Flavio Pinheiro da Silva e entregou até mesmo documentos para enganar os policiais. De acordo com a versão dos agentes, de cara, era possível perceber que os papéis eram falsos. Ele acabou, então, admitindo ser o traficante procurado pela polícia.
Detido, Batatinha teria sido encaminhado a uma delegacia em Mongaguá, mas, segundo a Polícia Militar, por ordem da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em razão de sua alta periculosidade, foi levado à Central de Polícia Judiciária de Santos.
Cola e camelô
A entrevista concedida por Batatinha em seu exame criminológico em 2023 traz detalhes sobre a sua vida antes de se tornar, segundo as autoridades, um dos chefões do PCC.
Batatinha contou na ocasião que começou a trabalhar como camelô aos 8 anos de idade, mesma época em que passou a cheirar cola de sapateiro.
A avaliação feita pelos profissionais da P2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, onde estão outras lideranças da facção, determinou que a desejada progressão para o regime semiaberto deveria ser negada.
Nascido em Campina Grande (PB) em 1976, Batatinha é o caçula de quatro irmãos e veio para São Paulo com sete anos de idade. Na capital paulista, estudou até o 7º ano do ensino fundamental.
Pais presentes
Na entrevista concedida para a elaboração do exame criminológico, o homem apontado como um dos chefões do PCC afirmou que nunca sofreu violência doméstica e que sua família não tinha histórico de envolvimento com o crime, tendo os pais presentes em sua criação.
Entretanto, Batatinha cita que começou a cheirar cola de sapateiro ainda na infância, logo depois de chegar com a família à capital paulista. “Em relação à drogadição, fez uso de substâncias ilícitas (cola de sapateiro) dos 8 anos de idade até os 17 anos de idade”, afirma o documento ao qual o Metrópoles teve acesso.
O exame traz também a informação de que Batatinha não esteve internado em instituições de medida socioeducativa quando adolescente. Cita, ainda,que começou a trabalhar aos 8 anos de idade, como vendedor ambulante. “Depois exerceu atividade laborativa como mecânico, na construção civil e como balconista, atividade esta que exercia no momento da sua prisão”, dz.
Quando a entrevista foi realizada, o criminoso afirmou que era casado havia 15 anos e tinha três filhos. Não recebia visita dos familiares, mas cartas e Sedex.
Fonte: Oficial