São Paulo — Impedido de disputar nova eleição por estar no segundo mandato, o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (Republicanos), que é acusado de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas para acumular um patrimônio milionário, tem aliados disputando prefeituras em três cidades vizinhas.
Um deles é Piter Aparecido dos Santos (foto em destaque), candidato a prefeito de Vargem Grande pelo Podemos e acusado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) de ajudar Ney Santos a dissimular a origem de dinheiro do crime. Ney responde a uma ação penal na qual é apontado como integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Na ação, promotores do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, relatam que em meio a uma vida de entrada e saída da prisão, Ney Santos amealhou patrimônio vultoso, com direito a carros de luxo, com uso de testas de ferro, e dinheiro oriundo do tráfico de drogas. Ele nega as acusações.
No passado, Ney Santos chegou a ser preso e condenado por roubo a banco, mas acabou absolvido em segundo grau. Segundo investigadores, ele foi por vários anos o responsável pelo tráfico de drogas do PCC no Oeste do estado de São Paulo. Parte da lavagem de dinheiro se deu por meio da aquisição de postos de gasolina.
Um de seus “comparsas”, segundo o MPSP, é Piter Santos, que teria ajudado o prefeito de Embu das Artes a lavar dinheiro para dissimular a propriedade de postos de gasolina e outros bens, como carros e uma casa. Ele é acusado dos crimes lavagem e organização criminosa.
“Importante ressaltar ainda que o relacionamento de Piter Aparecido e Claudinei Alves [Ney Santos] transcende as lavagens de dinheiro aqui apuradas, tendo Piter sido o forneceder dos veículos da campanha política de Ney Santos para Prefeito 2016, na qual ele saiu vencedor”, afirmam os promotores.
O caso ainda não foi jugado. Enquanto isso, Piter também empreende na política. É candidato pelo Podemos à Prefeitura de Vargem Grande Paulista, vizinha de Embu das Artes. Declarou R$ 5,59 milhões em patrimônio e recebeu do partido R$ 160 mil para a candidatura.
Como mostrou o Metrópoles, em Embu das Artes, Ney tem se dedicado a emplacar a candidatura de seu vice, Hugo Prado. Ele declarou R$ 350 mil em dinheiro vivo — equivalentes a 70% de seu patrimônio — e responde por ações de improbidade administrativa. Em uma delas, chegou a ter os bens bloqueados neste ano, mas reverteu a decisão no Tribunal de Justiça (TJSP). O Republicanos injetou R$ 1,9 milhão em sua candidatura.
Em outra cidade vizinha, Itapecerica da Serra, Ney Santos tem ajudado e manifestado apoio à candidatura de Jones Donizette (Republicanos), que recebeu R$ 500 mil para sua candidatura.
“Jones Donizette é o próximo prefeito que trará a mudança que Itapecerica tanto precisa. Os moradores não merecem continuar sofrendo com a má gestão atual”, afirmou Ney Santos, ao compartilhar um vídeo da campanha de Donizette, que já coordenou suas campanhas e foi secretário em Embu das Artes.
Procurada, a defesa de Ney Santos não se manifestou. “Está evidenciado que inexiste qualquer infração penal e se aguarda que essa atipicidade seja declarada, o quanto antes, pela Justiça”, afirmou o advogado Daniel Bialski, que defende Piter Santos.
Fonte: Oficial