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“Revolta”, dizem policiais após morte de agente baleado pela Rota

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“Revolta”, dizem policiais após morte de agente baleado pela Rota

Injustiça, impotência e revolta são os sentimentos descritos por policiais civis ouvidos pelo Metrópoles após a morte do investigador Rafael Moura, da Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco), da 3ª Seccional da Polícia Civil de São Paulo.

“Estamos incrédulos. O cara está impune, na rua e pode ser promovido”, disse uma fonte policial ouvida pela reportagem, que mencionou a possibilidade de que Mendes seja condecorado pela ação. “[Ele] não deveria nem ficar na polícia, deveria estar preso”, afirmou outro agente.


Dinâmica da ação que feriu o policial

  • Agentes da Polícia Civil estavam em diligências no Capão Redondo, com viatura da corporação e distintivo.
  • Mesmo com a identificação, em uma viela, policiais da Rota viram os agentes e, acreditando se tratar de traficantes, atiraram.
  • Os agentes, alvos dos disparos, tentaram alertar que eram policiais. Apesar dos avisos, foram baleados.
  • Um dos policiais civis, identificado como Rafael Moura, de 38 anos, foi atingido com três tiros: um no braço, e dois no abdômen.
  • Em estado grave, ele foi encaminhado ao Hospital das Clínicas, onde passou por cirurgia e morreu nesta quarta-feira.
  • O outro policial civil foi atingido de raspão, atendido no Hospital Campo Limpo e liberado.

“Entrou para matar”

Um policial, que prefere não se identificar, disse ao Metrópoles que conhece bem a região onde Mendes atirou contra os policiais civis, por já ter trabalhado no território. Segundo ele, a conduta era desnecessária, já que não costuma haver criminosos armados no local.

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Um mês antes da ocorrência que deixou Moura ferido, o sargento da PM se envolveu em outra ocorrência a 500 metros do local. Esta, no entanto, resultou em homicídio. A vítima foi um homem ainda não identificado, que, segundo a versão dos PMs, estaria segurando uma arma de fogo.

Polícia Civil instaurou inquérito

A Polícia Civil diz ter instaurado um inquérito para apurar se o sargento agiu de forma desproporcional, mas não mencionou a possibilidade de afastamento do agente.

De acordo com o delegado Antonio Givanni Neto, em um primeiro momento, o caso é tratado como legítima defesa putativa – isto é, quando alguém, de forma equivocada, acredita estar sob injusta agressão e age como se estivesse em legítima defesa. Segundo a autoridade policial, não é possível determinar se houve excesso.

“Sendo assim, decide esta Autoridade Policial pela apuração investigativa em profundidade, eis que a dinâmica dos fatos, num juízo cognitivo sumário carece dessa apuração. O inquérito policial será instaurado”, diz o delegado no boletim de ocorrência.

“[…] O inquérito policial instaurado poderá, com a profundidade que trará os elementos de informação e as provas cautelares, não receptíveis e antecipadas, revelar a ausência ou a presença dos elementos de culpa e se o erro era evitável ou não”, acrescenta Antonio Giovanni Neto.

As imagens da câmera corporal usada pelo sargento no momento dos disparos foram disponibilizadas pela Polícia Militar para a apuração do caso. Segundo o delegado, elas mostram o PM correndo pela rua e entrando em uma viela, quando dá de cara com um homem armado. Ele então reage de imediato dando quatro disparos e recua. A gravação não foi divulgada pelas autoridades policiais.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso é investigado pelo 37º Distrito Policial (DP), do Campo Limpo. A pasta foi questionada sobre a permanência de Mendes nas ruas, e informou  apenas que “as imagens registradas pelas câmeras operacionais portáteis (COPs) foram analisadas pelos responsáveis por ambos os inquéritos e são compatíveis com a versão dos fatos apresentada pelos envolvidos, incluindo o policial militar citado”.

Fonte: www.metropoles.com