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São Paulo indenizará paciente que ficou com fio-guia preso na jugular

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São Paulo indenizará paciente que ficou com fio-guia preso na jugular

São Paulo – O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) condenou o estado a indenizar em R$ 50 mil um paciente que teve um fio-guia preso na jugular após uma sessão de hemodiálise no Instituto Segumed, em São Vicente, no litoral paulista, em julho de 2022.

Na ocasião, um médico “esqueceu” um fio-guia entre a jugular e o átrio direito do coração de um paciente, o autônomo Vanes de Jesus da Silva. O paciente saiu de um tratamento para insuficiência renal com o instrumento no corpo e correndo risco de morte. O popular erro médico. No caso de Vanes, quase o levou à morte.

Vanes tem diabetes e iniciou a hemodiálise em julho de 2022. O tratamento serve como um rim “artificial” e precisa da inserção de um cateter na região do peito, com auxílio de um fio-guia. Morador de Itanhaém, no litoral de São Paulo, Vanes realizou o procedimento no Instituto Segumed, em São Vicente, no litoral de São Paulo, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Em abril de 2023, ele colocou uma fístula arteriovenosa no braço na mesma unidade de saúde. O dispositivo substitui o cateter, que tem a mesma função e, por esse motivo, foi retirado meses depois, em junho daquele ano. Foi nesta cirurgia que o fio-guia foi esquecido dentro de Vanes. Logo depois, ele começou a sentir dores no peito.

Em julho de 2023, por meio de um exame de raio-X, foi constatado que o fio-guia de cateter Permcath estava alojado da jugular até o átrio direito – uma área que poderia causar a morte de Vanes. Ele foi encaminhado pelo SUS para agendar a cirurgia de retirada do instrumento, o que não aconteceu até dezembro de 2023. Seus advogados, então, entraram com uma ação e conseguiram uma tutela de urgência para a remoção rápida do objeto.

Entretanto, o estado descumpriu o prazo fixado para realizar a cirurgia. Seus advogados processaram a prefeitura e o estado. Diante de toda a prova médica anexada pela defesa, a ação foi julgada procedente pela Primeira Vara de Itanhaém. Parte do fio-guia foi removido neste ano e, por não ter cumprido o pedido de urgência, foram aplicadas as multas que totalizaram R$ 50 mil.

A decisão do juiz Paulo Alexandre Rodrigues Coutinho reconhece a falha na prestação do serviço hospitalar oferecido pelo hospital conveniado pelo estado.

“Seus advogados consignam, ainda, que diante de todo o sofrimento experimentado pelo Sr. Vanes, ajuizarão ação reparatória a fim de que ele seja indenizado pelos danos morais que lhe foram causados”, informaram seus advogados Alexandre Celso Hess Massarelli e Diego Renoldi Quaresma de Oliveira em nota enviada ao Metrópoles

A sentença

A sentença ressaltou que a obrigação de prestar plena assistência à saúde é concorrente e solidária entre as três esferas do poder público, tanto que qualquer um dos entes da Federação pode ser acionado para que seja alcançado o cumprimento da norma constitucional que garante acesso do cidadão às ações da área da Saúde.

“Nesse contexto normativo, se o estado é responsável pela execução das ações e serviços de saúde, bem como pela fiscalização da sua prestação pela iniciativa privada conveniada por meio da Secretaria Pública de Saúde do Estado, obviamente também o é em relação a eventuais danos praticados por prepostos de hospitais geridos por verba pública pelo Sistema Único de Saúde (SUS).”

A Prefeitura de Itanhaém também foi alvo da ação por ser a cidade onde Vanes mora e deveria receber atendimento médico. A Justiça entendeu que a administração municipal não tinha culpa sobre o caso e apenas o estado deveria responder o processo.

Já a Fazenda do Estado de São Paulo foi condenada a pagar uma multa de R$ 1 mil por dia de atraso, limitada ao valor de R$ 50 mil, além de arcar com os honorários da defesa da vítima e despesas processuais. O Departamento Regional de Saúde (DRS) da Baixada Santista não realiza o procedimento em hospitais da região devido ao seu nível de complexidade. A operação só foi realizada em 20 de março deste ano no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo.

Fonte: Oficial