A Secretaria de Educação de Guarulhos promoveu na manhã desta segunda-feira (25) encontro formativo sobre o papel da escola na implementação de políticas antirracistas. A palestra integrou a programação do Novembro Negro, que inclui debates, fóruns e movimentos desenvolvidos com foco na superação do preconceito e da discriminação racial.
A formação explicitou a condição atual da população negra no Brasil como forma de aproximar os educadores do compromisso com uma educação antirracista, além de promover o reconhecimento da cultura e da ancestralidade dos povos africanos no país, que celebram a memória de Zumbi e Dandara de Palmares.
“Sabemos que o racismo é uma realidade estrutural com forte impacto no cotidiano escolar, nas oportunidades de aprendizagem e nas relações sociais. Esse é o nosso grande desafio, abrir caminhos para inúmeras oportunidades, como as leis 10.639 e 11.645, que se tornaram marcos importantes. Temos um terreno fértil para transformar a escola num espaço de valorização da pluralidade e isso se dá nesse processo que estamos vivenciando, um processo contínuo e coletivo”, destacou Patrícia Matildes, chefe da Divisão de Diversidade e Inclusão da pasta, sobre as ações de reconhecimento e combate ao racismo.
A palestrante Cíntia Aparecida da Silva falou da importância do papel da escola no combate ao racismo e da capacidade transformadora da educação. Cíntia é doutora em serviço social na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e atua no Núcleo de Assessoria Técnica Psicossocial nas áreas de educação e direitos humanos do Ministério Público do Estado de São Paulo.
“Muitas vezes nós ouvimos durante as visitas: ‘Ah, não existe racismo no Brasil ou para quê o Dia da Consciência Negra? O que devia existir é o dia da consciência humana’. Precisamos desconstruir o mito da democracia racial, pois os dados nos mostram outra realidade, a de que o racismo acontece cotidianamente e, por isso, precisamos de políticas públicas que protejam nossas crianças”, relatou a palestrante.
O cenário atual no Brasil mostra o acesso desigual da população negra às políticas públicas e ao exercício dos direitos sociais, a necessidade de resposta da branquitude, que a partir do seu lugar de privilégio ora reforça o tratamento desigual para brancos e negros ora defende superficialmente o tratamento baseado no princípio da igualdade. Mesmo com maior publicização e politização da questão étnico-racial, são diversos desafios a serem enfrentados.
Todos por uma Educação Antirracista
A Campanha Todos por uma Educação Antirracista (https://portaleducacao.guarulhos.sp.gov.br/wp_site/educacaoantirracista/) é uma iniciativa de alerta e conscientização para alunos, educadores e a comunidade sobre os impactos nocivos do racismo na sociedade. Todas as ações promovidas pela rede municipal de ensino têm como foco combater discriminações raciais, étnicas e religiosas, entre outras práticas.
A campanha tem caráter permanente e processual e deve ser abordada nas escolas de forma interdisciplinar e por meio dos informativos, como os sinalizadores e os cards com os Oito Passos para uma Educação Antirracista.
Ao longo do ano, principalmente no mês de novembro, educandos, educadores, famílias e a comunidade foram envolvidos em diversas atividades e ações de reparação das distorções e exclusões históricas, que marcaram os caminhos do povo negro em prol de uma sociedade que se projeta na direção da igualdade e da equidade racial.
Fotos: Camilla Rhodes/PMG