Diante das medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro (PL), os atos bolsonaristas marcados para o próximo domingo (3/8) serão “pulverizados” em várias cidades brasileiras e não contarão com a presença do ex-presidente.
Organizada pelo pastor Silas Malafaia, a manifestação prevista para a Avenida Paulista, no entanto, deve concentrar o maior número de lideranças e apoiadores de Bolsonaro, que está proibido de sair de casa entre as noites de sexta-feira e o início das manhãs de segunda.
A restrição foi imposta no dia 18/7 pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), junto com outras medidas cautelares, como o monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica.
A última vez que os bolsonaristas foram às ruas foi em 29 de junho, quando 12,4 mil pessoas, segundo monitor da USP, protestaram contra o julgamento do STF sobre a tentativa de golpe de Estado que teria sido liderada por Bolsonaro.
O ato contou com discursos do ex-presidente e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), entre outros aliados.
Principal organizador dos atos com o ex-presidente, Malafaia disse que o ato deve ser como os seis anteriores convocados por Bolsonaro desde que deixou a Presidência da República. Desta vez, porém, sem a presença de Bolsonaro e com lideranças espalhadas pelo país.
“A questão não é quantidade de gente. A questão é marcar que o Brasil reagiu contra essa injustiça, a censura, tudo isso. É um pacotão”, disse Malafaia ao Metrópoles.
Segundo apoiadores do ex-presidente, o ato é uma demonstração de força, fidelidade e apoio ao ex-presidente, mesmo em meio à diminuição do número de manifestantes nas últimas vezes em que o bolsonarismo foi às ruas.
“Pulverização” de público
Algumas lideranças bolsonaristas irão dividir a atenção entre São Paulo e seus domicílios eleitorais. É o caso do líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que irá participar do ato pela manhã no Rio de Janeiro e à tarde vai para a Avenida Paulista.
“Não estamos preocupados com a aglomeração, mas com o engajamento. [A estratégia] é pulverização”, afirmou.
Outros políticos irão ficar apenas em seus estados de origem. É o caso do líder da oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS), que irá participar do ato em Porto Alegre. Já o líder da oposoição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), vai participar do ato em Natal.
Outra figura carimbada nas manifestações populares de Bolsonaro, o senador Magno Malta (PL-ES) irá para as ruas no Espírito Santo.
Queda da mobilização popular
- Os números do Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da USP, mostram que, ao longo do tempo, as manifestações bolsonaristas perderam a capacidade de adesão.
- Em 25 de fevereiro do ano passado, o ex-presidente levou 185 mil pessoas à Avenida Paulista. Em 29 de junho, 12,4 mil pessoas foram à última manifestação, em São Paulo – uma redução de 93%.
- No período entre os dois atos, ainda houve quatro protestos de aliados de Bolsonaro.
- No dia 16 de março deste ano, 18,3 mil pessoas se manifestaram em apoio a Bolsonaro no Rio de Janeiro.
- Em 6 de abril deste ano, 44,9 mil pessoas foram ao ato bolsonarista na avenida Paulista. Já em 21 de abril, o monitor da USP mediu 32,7 mil pessoas em um ato em Copacabana.
- No Dia da Independência do ano passado, 7 de setembro, 45,4 mil pessoas estiveram na Paulista.
Fonte: www.metropoles.com