Sozinha na Escócia, jornalista pediu emprego por temer ficar sem teto

São Paulo — O Metrópoles teve acesso aos últimos posts feitos por Nathalia Urban, jornalista brasileira que morreu nessa quarta-feira (25/9) em Edimburgo, na Escócia. Em publicações nas redes sociais, Nathalia falou sobre o fim do seu relacionamento e disse estar “desesperada” para conseguir um emprego – caso contrário, temia ficar “sem teto”.

A jornalista era correspondente do Brasil 247 e vivia na Escócia. Neste mês, ela se casou com seu então companheiro, Damien Minards, australiano e também jornalista. No entanto, o casal se divorciou ainda durante a lua de mel, em uma viagem para a Tunísia.

Ao voltar para a Escócia, Nathalia faleceu por razões ainda desconhecidas. De acordo com o Brasil 247, a jornalista precisou ser assistida por aparelhos e, na quarta-feira, não resistiu. Seus órgãos serão doados, no que o jornal chamou de “último gesto de humanidade”.

No último domingo (22/9), Nathalia expôs os problemas pelos quais estava passando nas redes sociais. Em um post, a jornalista disse ter terminado seu longo relacionamento com Damien, que deixaria o Reino Unido em decorrência do rompimento.

“Eu preciso me reorganizar financeiramente o mais rápido possível ou vou acabar sem teto. Por favor, se alguém estiver contratando na Escócia, é só me dar um grito, estou desesperada”, diz trecho da postagem.

Nove minutos depois, Nathalia fez nova postagem em resposta à primeira: “Estou realmente desesperada, essa situação toda é demais”.

Em uma terceira publicação, já na madrugada de segunda (23/9), ela disse: “Acho que nunca fiquei tão deprimida na minha vida”.

O Metrópoles contatou as autoridades de saúde da Escócia e o Itamaraty para questionar sobre a causa da morte de Nathalia, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

Quem era Nathália Urban

Natural de Santos, no litoral de São Paulo, Nathalia era correspondente do portal Brasil 247 e foi responsável pela criação do programa Veias Abertas, exibido na TV 247, um espaço voltado à luta dos povos latino-americanos.

Ela era ativista pró-Palestina e atuava a favor de movimentos latinoamericanos e anti-imperialistas. Além disso, Nathalia era feminista. Seus colegas de profissão destacaram a coragem da jornalista em homenagens publicadas nas redes sociais.

Nathalia foi criada por mãe solo. Aos 15 anos, mudou-se para João Pessoa, na Paraíba, onde iniciou o curso de Antropologia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, para a série Grandes Jornalistas, da TV Brasil 247, Nathalia contou que a conquista foi a realização de um sonho dela e da mãe. Pouco tempo depois, a mãe da jornalista morreu em decorrência de um câncer nos ossos.

Nathalia abandonou o curso na UFPB ao ser aprovada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), onde passou a estudar ciências sociais. Posteriormente, retornou à cidade natal para cursar jornalismo na Universidade Católica de Santos.

Ela passou por veículos como A Tribuna de Santos, Brasil Wire e Revista Jacobina. Também fazia parte da equipe editorial do Migrant Women Press.

Nathalia ficou conhecida anteriormente por ter namorado o youtuber PC Siqueira, que morreu no ano passado.