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TCU alerta para risco de descumprimento de meta pelo governo

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TCU alerta para risco de descumprimento de meta pelo governo

O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou na última quarta-feira, 18, a emissão de um alerta ao Ministério da Fazenda sobre o risco de descumprimento da meta fiscal deste ano por causa da baixa arrecadação. O comunicado teve o voto de qualidade (desempate a favor da Fazenda) em processos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o tribunal administrativo vinculado ao Ministério da Fazenda.

Segundo o voto do ministro Jhonatan de Jesus, seguido pelos demais ministros da Corte, a área técnica do TCU constatou que havia risco de “frustração” de receita primária por meio do voto de qualidade do Carf neste ano, o que colocaria a meta sob risco.

“O retorno do voto de qualidade no Carf levou à inclusão inicial de receita de R$ 54,7 bilhões no projeto de lei orçamentária de 2024, valor gradualmente revisado para baixo a cada avaliação bimestral, até alcançar R$ 37,71 bilhões no relatório de receitas e despesas do 3º bimestre de 2024.

A arrecadação, no entanto, após sete meses completos — além, portanto, do bimestre sob exame —, havia alcançado apenas R$ 83,35 milhões ou 0,22% da estimativa global prevista para o ano, o que sinaliza elevado risco de frustração”, diz o ministro, com base na nota técnica do TCU.

“Constato que a probabilidade de frustração de receita dessa envergadura possui potencial de comprometer as metas estabelecidas, mais ainda pelo fato de o Executivo vir trabalhando no limite inferior da meta”, afirmou o ministro, no voto.

O TCU reforçou que a Fazenda está mirando o limite inferior da meta, que permite um déficit de até R$ 28,8 bilhões, e não o centro da meta de déficit zero — e qualquer frustração de receitas pode levar ao descumprimento, segundo o TCU.

Alerta sobre descumprimento da meta é obrigação legal do TCU

O ministro Jhonatan de Jesus disse que ficou em dúvida se deveria emitir o alerta, já que o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi voluntariamente à Corte, na semana passada, para conversar sobre o tema. No entanto, o alerta sobre o descumprimento da meta é uma obrigação do TCU, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Segundo Jesus, Haddad se comprometeu previamente a rever para baixo o valor, e ressaltou que poderia atingir a meta com as medidas de compensação da desoneração da folha de pagamentos e com dividendos de empresas estatais. O governo espera R$ 10 bilhões em dividendos extraordinários do BNDES neste ano.

“Além de apresentar evolução sobre o arcabouço fiscal, Sua Excelência, o ministro da Fazenda, afirmou que o Orçamento se tornará exequível caso sejam extintas a desoneração da folha e implementadas reformas estruturantes tendentes a reduzir renúncias de receita que gerariam de R$ 15 bilhões a 28 bilhões em 2024; ademais, asseverou que a distribuição de dividendos do BNDES e da Petrobras ocorreu abaixo do possível, podendo ser incrementada, sem prejuízos à realização de investimentos.”

Premissas da Fazenda difíceis de antecipar

A área técnica do TCU diz que as premissas adotadas pela Fazenda para supor uma arrecadação de R$ 54 bilhões em um ano são ‘difíceis de antecipar’ | Foto: Divulgação/TCU

A área técnica do TCU também diz que as premissas adotadas pela Fazenda para supor uma arrecadação de R$ 54 bilhões em um ano com o Carf, como consta no Orçamento de 2024, são “difíceis de antecipar”. Elas apontam que o governo supôs que 90% dos contribuintes derrotados optariam por fechar acordo com o governo, abrindo mão de recurso à Justiça. Se o número real, contudo, for menor do que 75%, por exemplo, a perda em arrecadação será de R$ 5,7 bilhões em relação ao projetado.

“A arrecadação tardia dificulta a estimativa, que depende de premissas provavelmente difíceis de antecipar com precisão. A nota técnica pressupõe uma taxa de adesão ao parcelamento de 90% e uma taxa de resolução dos processos judicializados de 10% em um ano. Contudo, os cenários simulados na própria nota técnica indicam que, se a taxa de adesão ao parcelamento fosse de 75%, em vez de 90%, a arrecadação esperada poderia cair até 15%, uma perda aproximada de R$ 5,7 bilhões na arrecadação”, diz.


Redação Oeste, com informações da Agência Estado

Fonte: Oficial