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Tragédia em Vinhedo: 60 famílias aguardam pela identificação de corpos

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Detritos estão no local da queda de um avião no estado brasileiro de São Paulo (vista aérea por drone). As autoridades brasileiras tentam descobrir exatamente o que causou a queda do avião do dia anterior, em que morreram todas as 62 pessoas a bordo

São Paulo – Após intenso trabalho de combate a chamas e resgate que durou cerca de 30 horas e localizou os corpos das 62 vítimas do acidente aéreo com o avião da VoePass, ocorrido nessa sexta-feira (9/8), em Vinhedo, no interior do estado, as atenções se voltam, neste domingo (11/8), para o trabalho de identificação dos passageiros e tripulantes no Instituto Médico Legal (IML) Central de São Paulo.

O IML foi fechado para atender apenas as vítimas do acidente. Uma força-tarefa, que reúne mais de 40 profissionais, entre os quais 30 médicos e odontologistas, radiologistas e antropologistas, trabalham no local, segundo o governo estadual, para liberar os corpos para que as famílias se despeçam e prestem as últimas homenagens.

Embora todos os 62 corpos já tivessem sido resgatados até o começo da noite desse sábado (10/8), apenas o piloto Danilo Santos Romano, de 35 anos, e o copiloto Humberto Campos Alencar e Silva, de 61 anos, foram identificados no mesmo dia.

Em busca de acelerar o processo, peritos passaram o sábado (10) em contato com parentes das vítimas para colher informações que possam ajudar na identificação, como sinais no corpo, fraturas, tatuagens ou a posse de algum raio-x da boca, que há no histórico de dentistas.

Como alguns foram carbonizados, há uma maior dificuldade na confirmação da identidade, que só poderá ocorrer por meio de testes de DNA. Familiares já foram convidados a fornecer material genético para a comparação.

“Sentados”

O avião caiu na vertical, de forma que os destroços das asas e da cabine terminaram em uma posição condizente com a de uma aeronaves intacta. Dessa forma, parte dos corpos foi resgatada de suas fileiras do avião, nos assentos. A localização deles também pode ajudar no processo de identificação.

O porta-voz do Corpo de Bombeiros Maycom Cristo afirmou que o resgate foi feito da cabine em direção à cauda da aeronave, fileira por fileira. Segundo ele, apesar da colisão com o solo, os corpos permanecem nos mesmos lugares em que estavam durante o voo.

“A gente tem o desenho da aeronave no chão. A gente consegue fazer a identificação por fileiras, da cabine para a cauda. Conforme a gente localiza uma fileira, retira, identifica todos, parte para a próxima. Todos os corpos estão como se estivessem sentados nos assentos”, disse.

Vítimas do acidente com o voo 2238

A maior parte das 62 vítimas do acidente é do Paraná, de onde saiu a aeronave. Há, também, moradores de São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro no grupo. Quatro brasileiros com dupla cidadania, sendo três venezuelanos e uma portuguesa, estão entre as vítimas.

As famílias que chegam a São Paulo para acompanhar os trâmites de liberação dos corpos estão sendo acolhidas em um hotel no centro da cidade, onde recebem atendimento psicológico e jurídico, e depois levadas ao Instituto Oscar Freire. É lá que estão sendo feitas as entrevistas para coletar características que podem ajudar no reconhecimento dos parentes.

Destroços

Já na madrugada deste domingo (10), outras frentes de ação se iniciam: o processo de investigação das causas da tragédia e a remoção da cauda e os motores turboélice da aeronave, um ATR-72 500.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) avança, em Brasília, com a leitura dos dados dos gravadores de voo – as chamadas “caixas pretas” da aeronave, que gravaram tanto as conversas entre os pilotos quanto suas interações com a torre de controle e as leituras dos instrumentos.

Por Vinhedo, local do acidente, há a expectativa de retirada das principais partes da aeronave, pertencente a empresa franco-italiana ATR. Eles serão transportados da cidade para São Paulo e passarão por perícia, que também vai contribuir para o relatório final com as causas do acidente. A fuselagem e destroços do avião vão permanecer no local do acidente, que segue preservado pela polícia.

O Cenipa informou que divulgará um relatório preliminar sobre a tragédia dentro de 30 dias – o que é de praxe, dentro dos padrões internacionais de investigação de desastres aéreos. O relatório final, por sua vez, não tem prazo de conclusão.

Fonte: Oficial