Veja as propostas dos candidatos à Prefeitura de SP para a saúde

São Paulo — De um lado, a proposta de acabar com as parcerias público-privadas na rede municipal de saúde. Do outro, a ideia de colocar uma empresa em cada um dos 96 distritos da cidade para gerir postos e hospitais. Os candidatos à Prefeitura de São Paulo têm projetos diferentes para o futuro da capital paulista e cabe ao eleitor se informar sobre as propostas de cada um deles para decidir seu voto.

Para ajudar os paulistanos nessa tarefa, o Metrópoles leu os planos de governo enviados pelos candidatos ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e separou as principais propostas de cada campanha nas áreas da saúde, educação, segurança pública, meio ambiente e mobilidade.

Nesta primeira reportagem, será possível conferir as promessas de Altino Prazeres (PSTU), Guilherme Boulos (PSol), João Pimenta (PCO), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Ricardo Senese (UP) e Tabata Amaral (PSB) para a saúde em São Paulo. Nos próximos dias desta semana, serão publicadas as propostas dos candidatos para as outras quatro áreas.

O candidato Bebeto Haddad (DC) não enviou seu plano de governo para o TRE e, por isso, não é citado nesta série de reportagens. No dia 8 de setembro, Bebeto teve o registro da candidatura impugnado pela Justiça por não ter pago uma multa eleitoral de 2002. O partido do candidato disse que recorre da decisão.

Veja agora as principais propostas dos candidatos para a saúde:

Altino Prazeres

Altino Prazeres (PSTU) afirma que vai reverter as privatizações dos equipamentos de saúde e ampliar o investimento público na área. Uma de suas metas é levar o atendimento das equipes de saúde da família para toda a população da cidade.

O plano de governo do candidato fala em estabelecer uma semana como o tempo máximo de espera para consultas e exames especializados realizados na capital paulista. Ele também prevê criar uma oficina ortopédica municipal em convênio com as universidades estadual e federal de São Paulo (USP e Unifesp) para o desenvolvimento de próteses. Altino diz que sua gestão vai reduzir o tempo de espera para entrega de próteses para no máximo 6 meses.

O candidato também afirma que retomará os serviços de aborto legal nos hospitais da cidade. A Prefeitura já é obrigada a realizar o aborto nos casos previstos em lei, mas pacientes têm relatado dificuldade para conseguir realizar o procedimento.

Outras propostas são a realização de novos concursos para os profissionais da área; a diminuição da carga horária dos servidores para 30 horas semanais; e a realização de campanhas de vacinação aliadas a ações de conscientização sobre o tema.

Além disso, há metas de criar um atendimento voltado para as populações com maior vulnerabilidade e de fundar conselhos para a população e os trabalhadores gerirem os serviços de saúde.

Guilherme Boulos

Guilherme Boulos (PSol) promete criar o “Poupatempo da Saúde” para combater as filas de espera para exames e consultas. O equipamento reunirá policlínicas e centros de diagnóstico e terá 16 unidades, espalhadas por todas as regiões da cidade.

O candidato prevê lançar o “Mais Médicos Especialidades”, para aumentar o número de profissionais especialistas na rede municipal de saúde, e quer implantar um projeto de Saúde Digital, com informações sobre a posição na fila de espera para consultas e cirurgias eletivas, além do acesso digital a exames.

O plano de governo de Boulos diz que sua gestão vai aprimorar a fiscalização dos contratos da saúde, com metas de indicadores de qualidade, e vai implantar um padrão de atendimento igual para as unidades geridas pela Prefeitura e pelas empresas conveniadas.

O deputado federal fala em ampliar o número de Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), ambulatórios de especialidades, unidades de saúde bucal, Centros Especializados em Reabilitação e Unidades de Referência em Saúde do Idoso. Não diz, contudo, quantas unidades de cada modelo serão criadas e em quais lugares.

Outras metas são o aumento das equipes de saúde da família, a construção de novos hospitais municipais, e a criação de um programa para garantir a disponibilidade de medicamentos em toda a rede.

Na área da saúde mental, Boulos fala em implantar novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e garantir atendimento de urgência/emergência psiquiátrica nos hospitais gerais geridos pelo município.

João Pimenta

Candidato do Partido da Causa Operária (PCO) nestas eleições, João Pimenta é contrário à presença das Organizações Sociais (OSs) na rede municipal de saúde e fala em passar o controle do sistema para os trabalhadores da área.

Seu plano de governo diz que os servidores da rede devem “ganhar um salário digno”, sem trazer metas específicas de aumentos salariais, e afirma que o Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o país precisa de um “enorme investimento” para garantir atendimento gratuito e de qualidade. Não há outras propostas.

José Luiz Datena

O candidato José Luiz Datena (PSDB) promete ampliar o horário de funcionamento de todas as UBS em duas horas. Atualmente, os postos ficam abertos somente até 19h. O apresentador também diz que vai aumentar o número de equipamentos de saúde que funcionam 24 horas por dia, garantindo pelo menos um por subprefeitura.

Outras promessas são a de que as consultas com especialistas sejam marcadas na própria UBS, ou de forma online; a disponibilização de mais dentistas e psicólogos na rede por meio de parcerias com OSs; e a expansão dos centros municipais de referência para pessoas com Transtorno de Espectro Autista (TEA).

Datena diz que vai investir na tecnologia, com uso da telemedicina e prontuários eletrônicos, para expandir a oferta de assistência aos moradores da cidade. O candidato também prevê ampliar a cobertura e o número de funcionários das equipes de saúde da família.

O plano de governo do tucano fala em expandir o Mãe Paulistana, voltado às gestantes; valorizar o programa “Remédio em Casa”; e diz que vai preparar a Vigilância Sanitária para responder a endemias e epidemias, com São Paulo sendo a “capital da vacina”.

O candidato também diz que vai dedicar especial atenção aos procedimentos ligados à saúde da mulher, como exames de prevenção de câncer de mama e consultas com mastologistas.

Marina Helena

A candidata Marina Helena (Novo) afirma que vai reorganizar o sistema de atenção básica em saúde. A ideia, segundo seu plano de governo, é fazer parcerias público-privadas (PPPs) e deixar cada empresa responsável pelos equipamentos de um distrito da cidade.

Marina diz que sua gestão vai criar um “ranking de atendimento” e interromper os contratos com as empresas que “decepcionarem o cidadão”. A candidata promete pagar exames em clínicas particulares para pacientes que estiverem há mais de 30 dias à espera do procedimento na rede municipal.

Outras propostas são a utilização de horários alternativos de atendimento em hospitais e centros de diagnóstico privados, por meio do aplicativo e-Saúde; o fomento às teleconsultas com médicos da rede municipal; e o foco na prevenção de doenças, com criação de parcerias com empresas de equipamentos para diagnóstico.

O plano de governo da candidata também prevê que os pacientes tenham prontuários digitais.

Pablo Marçal

O candidato Pablo Marçal (PRTB) fala em educar a população sobre a importância de hábitos mais saudáveis, como uma boa alimentação e a ingestão de água, e promete investir em medidas de prevenção a doenças.

O plano de governo do influencer afirma que sua gestão fará uma “ampla parceria” entre as secretarias de Saúde e de Esportes e Lazer, e adaptará os 46 Centros Esportivos (CEs) existentes para receberem unidades de Saúde da Família e/ou Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Marçal fala em tornar os CEs melhores para a prática de exercícios e diz que os pacientes das UBSs “sairão da consulta e serão estimulados a praticar as atividades físicas disponíveis nesses locais”. O candidato também fala em ter espaços para a prática de atividades físicas e esportivas nos hospitais municipais.

Outra promessa de Marçal para a saúde é a melhoria das calçadas da cidade. Ele argumenta que o mau estado dos passeios tem provocado acidentes, mas não dá detalhes sobre quantas e quais calçadas passarão pelas reformas. Por lei, a responsabilidade sobre as calçadas é dos proprietários dos imóveis onde elas estão.

O candidato também prevê usar a tecnologia como aliada da saúde, com a implantação de um prontuário único digital; o emprego da telemedicina na rede municipal; e a utilização de aplicativos e plataformas com os pacientes. Os apps contarão com informações como os resultados de exames feitos pelo morador e dados sobre os remédios prescritos para ele.

Marçal diz que irá combater as filas de exames por meio do prontuário único digital, que será integrado à inteligência artificial; da compra de novos equipamentos; e de parcerias com instituições privadas. Também cita a ampliação do atendimento dos serviços hoje conduzidos pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), como os Centros Dia e Institutos de Longa Permanência Para Idosos (ILPIs) para combater o problema das filas. Essas unidades, no entanto, não são responsáveis por exames.

O plano de governo do candidato fala, ainda, em mudar a remuneração dos trabalhadores e das empresas parceiras da saúde, criando um sistema que “incentive a realização de diagnósticos precisos e a solução dos problemas de saúde”. Segundo o projeto, a mudança vai permitir uma “remuneração gradual”, baseada em consultas, exames, retornos, tratamentos e na avaliação do paciente.

Por fim, Marçal promete ampliar as equipes de saúde da família; investir no saneamento básico; dar atenção à saúde da mulher, em especial às vítimas de violência doméstica; e implantar medidas para prevenir e identificar doenças relacionadas à saúde mental.

Ricardo Nunes

Candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) promete expandir a rede de UBSs da cidade, ampliar as especialidades médicas, e apoiar estudos e pesquisas de vacinas contra vícios em drogas.

Nunes também fala em modernizar e ampliar o número de hospitais municipais, expandir as equipes de saúde da família, e aprimorar o Hospital do Servidor Público Municipal.

O plano de governo afirma que sua gestão vai expandir a telemedicina na rede municipal de saúde e consolidar o prontuário eletrônico único. O candidato aposta na aquisição de equipamentos de ponta e na inteligência artificial para agilizar diagnósticos e tratamento de doenças.

O emedebista diz que fortalecerá o Sistema Integrado de Controle e Avaliação de Parceiros (SICAP) para monitorar parcerias na área, e afirma que vai investir na gestão de resíduos e na construção de unidades de saúde com tecnologias sustentáveis.

Outras promessas são a de garantir acessibilidade e inclusão em todas as unidades de saúde; dar atenção especial à saúde da mulher, com a ampliação de serviços de prevenção, tratamento e planejamento familiar; e aprimorar o diagnóstico e tratamento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) com a criação de centros especializados e programas de inclusão.

Nunes fala, ainda, em melhorar o serviço de entrega domiciliar de medicamentos à população e investir na capacitação contínua dos profissionais de saúde.

Ricardo Senese

Ricardo Senese (UP) defende o fortalecimento do SUS com foco na atenção primária e diz que a saúde deve estar integrada a outras políticas sociais, como o acesso ao saneamento básico.

O candidato propõe o fim das PPPs na rede municipal de saúde e a realização de concursos para acabar com o déficit de pessoal e aumentar a qualidade do serviço prestado pela Prefeitura.

Senese também diz que sua gestão vai garantir os procedimentos de aborto nos casos previstos por lei e dará fim à “perseguição aos funcionários que realizam esse serviço”.

O plano de governo do candidato fala, ainda, em expandir as especialidades; oferecer medicamentos gratuitos e “enfrentar a influência da indústria farmacêutica”.

Tabata Amaral

Candidata do PSB, Tabata Amaral divide seu plano de governo em ações pensadas para a saúde em geral e iniciativas voltadas especificamente à saúde mental.

No capítulo destinado à saúde mental, a candidata diz que vai criar enfermarias psiquiátricas nos hospitais gerais; implantar equipes dedicadas ao tema nas UBSs; ampliar o número de CAPS; e estabelecer linhas de cuidado em saúde mental para grupos específicos, como crianças, mulheres e pessoas vítimas de violência e desastres.

Tabata também fala em desenvolver estratégias para o cuidado em saúde mental dos servidores; e ampliar a presença de psicólogos, psicopedagogos e assistentes sociais nas escolas da rede.

Nas metas gerais da saúde, a deputada diz que vai ampliar para 75% a cobertura da Estratégia de Saúde da Família; universalizar os serviços de telemedicina para todos os cidadãos dependentes do SUS; e criar o Programa Saúde nos Trilhos, que vai expandir o horário de atendimento das unidades de saúde próximas a sistemas de transporte de alta capacidade.

Tabata promete criar equipes multidisciplinares de prevenção e educação em saúde em todas as UBSs, e diz que vai implantar o Programa Saúde na Escola, que trará orientação sobre temas como hábitos de higiene e estratégias de prevenção ao uso de drogas.

O plano de governo da candidata prevê implantar carretas móveis de saúde da mulher e saúde odontológica para a realização de consultas e exames; e fala em encarar o problema das filas de exames com uso de tecnologia e inteligência artificial. Tabata diz que sua gestão vai enviar lembretes sobre consultas, campanhas de vacinação e alertas de prevenção para aplicativos usados pelos pacientes.

A candidata também promete buscar uma parceria com o governo estadual para unificar o banco de dados da Prefeitura com a Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde do Governo de São Paulo (CROSS).

Outras promessas são a de dar transparência para as filas de exames, consultas e procedimentos; e fortalecer as ações de promoção da saúde, para reduzir os fatores de risco associados a questões como o sedentarismo, a obesidade e o consumo de álcool e outras drogas.