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Vice-prefeita do interior teria pago “amarração” com verba pública

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O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou, na última sexta-feira (1º/8), a suspensão dos contratos administrativos entre a Prefeitura de Ribeira, no interior de São Paulo, com a W. F. Da Silva Treinamentos Ltda. A empresa é acusada de triangular o uso de verba pública municipal para contratar um serviço de “amarração amorosa” a favor da vice-prefeita da cidade, Juliana Maria Teixeira da Costa.

A decisão, de caráter liminar, atende ao pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP) em uma ação civil pública de 30 de julho de 2025. O órgão apurou que Juliana, que também é secretária de Saúde do município, contratou um serviço de “casamento espiritual” para que o servidor Lauro Olegário Da Silva Filho, que é casado, mantivesse um um relacionamento amoroso extraconjugal com ela.

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A W. F. Da Silva Treinamentos Ltda, que tem contratos com o município, teria recebido R$ 41,2 mil da Prefeitura, e, posteriormente, feito um repasse do mesmo valor a uma vidente. O caso foi descoberto após o vereador da cidade, Dirceu Benedito, ter visto dois comprovantes de pagamento publicados no perfil do Instagram “Mentora Samantha”, que prestou serviço espiritual à política. O primeiro comprovante, de R$ 6 mil, estava no nome da vice-prefeita, mas o segundo, de R$ 41,2 mil, era nominal à empresa.

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O MPSP ainda apontou outros indícios que a W. F. Da Silva Treinamentos Ltda. estaria sendo usada para desvio de recursos públicos da saúde da cidade. Lauro, que é coordenador municipal de Saúde e ex-funcionário da W.F., e Willian Felipe da Silva, proprietário da empresa, também são acusados de participar do esquema. Os três, incluindo a vice-prefeita, foram denunciados pelo Ministério Público.

Entenda o caso

  • No dia 30 de julho, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública contra a administração municipal de Ribeira pedindo a anulação dos contratos administrativos e o pedido de ressarcimento da verba pública destinada à empresa W. F. Da Silva Treinamentos Ltda.
  • A ação tem como alvo a vice-prefeita e secretária de Saúde do município, Juliana Maria Teixeira Da Costa, o dono da W.F., William Felipe Da Silva, e o servidor público e ex-funcionário da empresa, Lauro Olegário Da Silva Filho.
  • O MPSP acusa Juliana Maria Teixeira Da Costa de enriquecimento ilícito em conluio com William Felipe Da Silva por meio de pagamento de serviço particular com verba pública, realizado através da W. F. Da Silva Treinamentos no valor de R$ 41,2 mil.
  • O caso foi revelado após o perfil “Mentora Samantha” publicar no Instagram um comprovante de pagamento no nome da WF de R$ 41,2 mil em 21 de agosto de 2024.
  • As investigações apontaram que a Prefeitura de Ribeira pagou a mesma quantia de R$ 41,2 mil para a W.F, supostamente referente a serviços médico hospitalares, odontológicos e laboratoriais”. Essa quantia foi transferida apenas doze minutos após a empresa emitir uma nota fiscal, o que reforçou a hipótese de triangulação da verba.
  • Na decisão da última sexta-feira, a Justiça atendeu ao pedido de suspensão imediata dos contratos administrativos da Prefeitura com a W. F. Da Silva Treinamentos e a proibição de celebrar novos acordos com a empresa. A decisão ainda cabe recurso.
  • Além da suspensão dos contratos, o MPSP ainda pede a condenação de Juliana, William e Lauro por improbidade administrativa e pediu a aplicação de sanções à empresa.

Pagamentos duplicados e indícios de empresa fantasma

O caso do pagamento da vidente levou o Ministério Público a investigar os demais contratos da W.F para  a prestação de serviços de saúde com a prefeitura de Ribeira. Durante as investigações, o órgão descobriu que a gestão municipal realizava pagamentos duplicados para os médicos plantonistas, que eram contratados via WhatsApp, sem assinatura de contrato formal.

Apesar do faturamento milionário em contratos com a Prefeitura, a empresa tem como sede uma pequena casa residencial em Curitiba, no Paraná e, segundo a denúncia do Ministério Público, não tem nenhuma experiência prévia de prestação de serviços de saúde. Por essa razão, o MPSP vê indícios de que ela seja uma “mera intermediária” nos repasses, em um “campo fértil para ilicitudes”.

O Metrópoles buscou contato com representantes da W.F. e da prefeitura de Ribeira para obtenção do outro lado, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto.

Fonte: www.metropoles.com