São Paulo — A Força Aérea Brasileira (FAB) deve divulgar no próximo dia 6 de setembro o relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre a causa da queda do avião da Voepass, em 9 de agosto em Vinhedo, no interior de São Paulo, matando 62 pessoas.
Técnicos do Cenipa já transcreveram duas horas de áudio do gravador de voz da cabine do avião ATR-72, que registraram o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntando ao piloto Danilo Romano o que estava acontecendo ao perceber que o avião estava perdendo sustentação.
Na gravação, há o registro de que o copiloto disse, em seguida, que era preciso “dar potência”, em uma tentativa de estabilizar a aeronave e impedir a queda, o que não foi possível. As informações foram obtidas com exclusividade pela TV Globo.
Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo. Nesse intervalo de tempo, segundo os técnicos, o áudio registra que a tripulação tentou reagir. A gravação é finalizada com gritos e com o estrondo do choque da aeronave contra o chão.
De acordo com a FAB, a partir das 13h21, a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Os últimos registros do voo mostram que, instantes antes da queda, o avião estava a 5.190 metros de altura.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro –, a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros. Foi nesse minuto que a conversa registrada pela gravação entre os tripulantes aconteceu.
Segundo os investigadores, a análise preliminar dos dados indica que o ATR 72-500 perdeu altitude de forma repentina e que a análise do áudio da cabine, sozinha, não é capaz de cravar uma causa aparente para a queda.
Além do relatório preliminar que deve sair em 6 de setembro, a investigação da Polícia Federal sobre o acidente aéreo pode levar mais de um ano para apontar possíveis crimes e indiciar eventuais suspeitos.
Familiares das vítimas
A Defensoria Pública de São Paulo negocia a criação de uma câmara extrajudicial para tentar agilizar as indenizações aos familiares das 62 vítimas da queda do avião da VoePass.
De acordo com o órgão, o objetivo é “garantir os direitos dos familiares e buscar um caminho mais célere para as reparações civis”, entre outros temas. A proposta foi discutida na última terça-feira (20/8), durante reunião com a Defensoria Pública do Paraná, com os Ministérios Públicos dos dois estados, e companhia aérea VoePass.
No encontro, segundo a Defensoria paulista, avançaram as tratativas da criação de uma câmara extrajudicial e uma nova reunião foi agendada para o dia 3 de setembro.
Fonte: Oficial