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Conflitos familiares e espírito natalino marcam a submissão da Finlândia ao Oscar

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Conflitos familiares e espírito natalino marcam a submissão da Finlândia ao Oscar

“Family Time” é uma nova adição ao gênero de comédias familiares, destacando-se por sua abordagem sutil e observacional. A estreia de Tia Kouvo oferece uma visão íntima de uma família disfuncional durante as festividades de Natal, onde o cotidiano se torna o verdadeiro protagonista.

Os longos planos que retratam a vida doméstica criam uma sensação de voyeurismo, como se estivéssemos espiando pessoas que não percebem que estão sob o olhar atento do espectador. O filme, que recebeu prêmios Jussi por melhor filme, direção e roteiro, mostra que Kouvo é uma talento promissor no cinema finlandês.

A trama é centrada em um clã comum, onde três gerações enfrentam as tensões familiares típicas. A matriarca Ella e seu marido Lasse lidam com os desafios do alcoolismo, enquanto suas filhas, Susanna e Helena, enfrentam suas frustrações pessoais em meio a um Natal que, embora tradicional, está longe de ser perfeito.

A primeira metade do filme foca nas festividades de Natal, repletas de momentos cômicos e desconfortáveis, enquanto a segunda parte revela a vida cotidiana de cada personagem. A dinâmica familiar é marcada por conversas banais e desentendimentos sutis, tornando a narrativa ainda mais envolvente e realista.

Em meio a diálogos afiados e um humor sutil, “Family Time” se destaca por retratar a complexidade das relações familiares sem recorrer a grandes dramas. Mesmo a morte de um familiar é tratada com uma leveza que reflete a natureza de seus personagens: pessoas que preferem evitar conflitos em prol de uma convivência harmoniosa.

Kouvo utiliza uma técnica que lembra o cinema de Aki Kaurismäki, mas sua abordagem é mais próxima de um documentário, criando um ambiente onde a observação se torna um elemento central. Isso resulta em um filme que nos convida a refletir sobre o que muitas vezes ignoramos nas vidas daqueles que amamos.

“Family Time” é uma obra que, apesar de não quebrar novos paradigmas, conquista o espectador com sua empatia e autenticidade, revelando que há sempre mais por trás da superfície das relações familiares.