Home Noticias Morte em clínica: monitor que torturou paciente já desafiou PM na rua

Morte em clínica: monitor que torturou paciente já desafiou PM na rua

3
0
Morte em clínica: monitor que torturou paciente já desafiou PM na rua

São Paulo — Preso em flagrante pela tortura seguida de morte de um dependente químico em uma clínica de reabilitação em Cotia, na Grande São Paulo, o monitor terapêutico Matheus de Camargo Pinto, de 24 anos, não tinha capacitação profissional para ocupar o cargo, segundo o delegado que investiga o caso, e já foi detido após desacatar policiais militares que foram apartar uma briga dela com a mulher.

O delegado Adair Marques, da Delegacia de Cotia, confirmou ao Metrópoles, na tarde dessa terça-feira (9/7), a falta de treinamento e de qualificação de Matheus para cuidar de pacientes em clínicas de reabilitação. Ele foi preso pela morte do paciente Jarmo Celestino de Santana, de 55 anos, ocorrida segunda-feira (8/7), após a vítima dar entrada no Pronto Socorro de Vargem Grande Paulista, com hematomas na cabeça e por todo o corpo.

 

O próprio Matheus gravou e compartilhou um áudio, no qual confessa ter agredido o paciente, até a mão doer. Ele também compartilhou um vídeo em que Jarmo aparece seminu, amarrado em uma cadeira.

Ouça o áudio

 

 

“O áudio foi um dos indicativos [para a prisão], mostrando que ele [Matheus] realmente torturou o rapaz, bateu muito nele. Que a intenção era lesionar mesmo”, afirmou o delegado.

O enfermeiro Cleber Fabiano da Silva, 48, é investigado pelo suposto envolvimento no espancamento, da mesma forma que outros funcionários da Comunidade Terapêutica Efatá. Ele nega qualquer irregularidade na clínica. Na terça, a Vigilância Sanitária foi até a instituição, onde havia ao menos 25 pacientes. Dois deles confirmaram à polícia, em depoimento, as agressões e a tortura. O local foi interditado.

Desde 2021, Matheus de Camargo Pinto é réu em uma ação na Justiça paulista na qual é acusado de resistência a uma abordagem policial, em Itapevi, na Grande São Paulo. De acordo com o processo, em março de 2020, ele foi encontrado “exaltado” discutindo dentro do carro com sua mulher, que estava grávida e queria deixá-lo para morar em outra cidade.

Segundo o boletim de ocorrência, quando os PMs pediram para que Matheus se afastasse da mulher, ele demonstrou resistência, “dizendo que era para atirar nele e que não iria colocar as mãos para cima”. Os policiais disseram que tiveram de usar força moderada para contê-lo, algemá-lo e levá-lo para a delegacia, onde foi registrado o termo circunstanciado. Ele ficou em silêncio diante do delegado e depois foi liberado.

Espancamento e morte

No caso da clínica de reabilitação, o delegado Adair Marques afirmou ao Metrópoles que o paciente Jarmo Celestino de Santana foi espancado e, após passar mal, encaminhado para o Pronto Socorro de Vargem Grande Paulista, onde morreu.

“Ele, provavelmente, morreu por causa do espancamento, tudo indica que sim. Mas aguardamos que a perícia confirme a causa da morte”.

O delegado afirmou que Jarmo deu entrada na clínica na noite de sexta-feira (5/7), quando profissionais do local foram buscá-lo em casa.

Familiares acionaram a instituição alegando que Jarmo “estava surtado” na residência onde mora com a mãe, uma idosa. A agressividade ocorria por causa da dependência química do homem. Essa foi a última ocasião em que a família viu a vítima com vida.

A tortura ocorreu no intervalo de sexta para segunda-feira (8/7), como mostram as investigações da Polícia Civil.

Vídeo

“Cobri no pau”

Matheus amarrou a vítima em uma cadeira e decidiu gravar a cena. No vídeo, ele aparece, juntamente com outras pessoas, debochando de Jarmo. Todos usavam roupas de frio enquanto o homem estava sem camisa, vestindo somente uma bermuda.

O monitor também gravou um áudio, falando sobre a violência. “Cobri [a vítima] no cacete, cobri…Chegou aqui na unidade, [veio] pagar de bravo, cobri no pau”, afirmou.

Após ser preso, Matheus afirmou ter usado de força contra Jarmo, alegando que fez isso para “conter” o interno. Segundo o indiciado, o homem estaria exaltado e violento com outros pacientes.

As investigações, agora, focam na identificação de mais pessoas que possam ter participação na tortura seguida de morte.

Fonte: Oficial