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PF desarticula maiores traficantes de drogas sintéticas do Brasil

O grupo, segundo a corporação, atua em Goiás, mas tem colaboradores em diversos estados do país.

A Polícia Federal (PF) desarticulou nesta quinta a maior quadrilha de tráfico de drogas sintéticas no Brasil, que estava sediada em Goiás e atuava ainda em Minas Gerais e em outros cinco Estados. O esquema usava laboratórios regulamentados para adquirir éter com o objetivo de produzir ecstasy e outras drogas sintéticas, além de refinar cocaína. A droga era revendida por jovens de classe média-alta, que utilizavam carros de luxo doados pelos líderes da quadrilha e algumas farmácias para o comércio. A apreensão revela uma reversão da tendência de importação de drogas sintéticas, com a produção cada vez maior desse tipo entorpecente no Brasil.

Apenas nos oito meses de investigação da Polícia Federal, a estimativa é que a quadrilha tenha lucrado R$ 240 milhões. Nesta quinta, foram recolhidos 1,4 milhão de comprimidos de ecstasy – a maior apreensão de drogas sintéticas já feita pela PF –, e 22 suspeitos foram presos por envolvimento com a quadrilha. Uma pessoa em Buritis, no Noroeste de Minas, foi levada para prestar depoimento cumprindo um mandado de condução coercitiva.

Químicos. Tudo começava com quatro laboratórios regulares instalados no polo petroquímico de Goiânia (GO). Com autorização da Polícia Federal para adquirir produtos químicos, esses estabelecimentos compravam uma quantidade maior de éter que a necessária para suas atividades normais. O excedente eles revendiam para outros membros da quadrilha, responsáveis por utilizar o éter para fabricar as drogas em laboratórios clandestinos.

Para enganar a fiscalização, eram emitidas diversas notas fiscais falsas de venda de 2 l de éter, o limite legal. Após a produção da droga nos laboratórios clandestinos, o material era distribuído para venda em Minas, Goiás, São Paulo, Paraná, Tocantins, Bahia e Distrito Federal.

Crescimento.A estimativa da Polícia Federal é que a quadrilha atuava há pelo menos dois anos. Nesse período, eles teriam fabricado 12 milhões de comprimidos de ecstasy – em um dos laboratórios fechados pela PF nesta quinta havia 800 mil pílulas. Esse número confirma a tendência de crescimento do consumo dessa droga no país e agora revela que elas estão sendo largamente produzidas dentro do território nacional, e não traficadas de países da Europa, como no passado.

“Tem crescido cada vez mais no Brasil o que a gente chama de drogas feitas em laboratórios de banheiro. São drogas fáceis de serem produzidas, pois não demandam uma manipulação muito complexa”, revela o coordenador do Centro de Referência em Drogas da UFMG, Frederico Garcia.

Operação
Quinto elemento.
 O nome da operação foi inspirado no pensamento de alquimistas de que o éter seria o quinto elemento básico da natureza, depois de fogo, água, terra e ar.

FOTO: Editoria de arte

Saiba mais sobre a operação

Crimes
. Todos os suspeitos presos pela Polícia Federal na operação Quinto Elemento irão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, falsidade ideológica e tráfico de produtos químicos para a produção
de drogas.

Penas. Somadas, as penas para todos os crimes podem chegar ao máximo de 45 anos de prisão. Se os envolvidos conseguirem pegar a pena mínima em todos os crimes, ainda sim serão condenados a 14 anos de prisão em regime fechado.

Prisão. As 22 pessoas presas ficarão detidas ao menos por 30 dias. A PF pode pedir a prorrogação da prisão por tempo indeterminado. Foram cumpridos 12 mandados de sequestro de imóveis, entre eles um prédio residencial com 20 apartamentos.

Capital é uma das líderes em consumo

Belo Horizonte é uma das cidades que mais consomem drogas sintéticas no Brasil. De acordo com o coordenador do Centro de Referência em Drogas da UFMG, Frederico Garcia, a capital mineira está bem acima da média nacional quando o assunto é consumo de ecstasy e metanfetaminas. “Há estatísticas que mostram que o consumo de drogas sintéticas em Belo Horizonte está pelo menos seis vezes maior do que a média do restante do Brasil”, afirmou.

Garcia explica ainda que o efeito dessas drogas é desconhecido, uma vez que ninguém sabe ao certo qual é a composição de cada comprimido. “Há uma grande variação no tipo de droga vendida, cada laboratório clandestino faz uma combinação. Não há conhecimento dos efeitos do uso prolongado”, afirma o especialista, que salienta o período de dez anos de teste de efeitos colaterais, necessário para que um medicamento seja aprovado.

fonte: www.otempo.com.br